Esta minha opinião, livre e isenta, não tem intenção de ferir suscetibilidades, muito menos, tem a ver com o excelente trabalho que muitos representantes das autarquias fazem pelo país fora, mas não resisto à tentação. Sempre ouvi dizer que nunca sei se é fome, ou vontade de comer, mas para não ter dúvida, como sempre.
A respeito de um destes dias, na TV, um Presidente de Câmara, eleito pelo povo, ter sido “má” notícia, pela importância dos gastos em restaurantes a expensas do seu Município. Pelos vistos “comia à fartazana” e gastava ainda mais “a promover a imagem do seu Município”, segundo o mesmo.
Se esta moda pega, mais cedo ou mais tarde, o SNS terá de cuidar da saúde deste autarca, ou seja, o povo paga a dobrar, em impostos. Conclui que a comer assim, terá problemas gástricos/intestinais, de certeza, mas para não perder o “fio à meada”, o dito senhor, revelou que a ementa era (sempre) suculenta e até lagosta metia… vejam só!
O homem, coitado, achou que nos devia presentear, via TV, com o nome dos restaurantes do seu Município. Marketing do melhor! Já escrevi, que o Papa Francisco é o maior empreendedor global, desinteressado, mas agora, reconheço que o Papa, sem experimentar a gastronomia, ficará aquém deste autarca, em Portugal. É este o estado da nação, meu caro Costa? Médicos, Professores, funcionários públicos, empresários tudo reclama, mas talvez esta ideia seja brilhante, para abreviar problemas, quem sabe?
Imaginem toda a gente de barriga cheia…terá menos capacidade de reivindicação? E se houver um Pêra Manca, mesmo branco (baratito), nem sequer pensam em trabalho da parte da tarde, quanto mais chatear. Analisei a lista apresentada e reconheço, alguns, com preço acessível (considero-me um cidadão de baixos rendimentos) que até podem ser recomendados aos funcionários da Câmara, onde podem investir o subsídio de refeição de 6€/dia. Belíssima sugestão. Claro está que ouvi incrédulo e pensei, será que o homem ao passar pelo Estabelecimento Prisonal da Carregueira decidiu vingar-se na restauração? Muita azia seguida, privado da Rennie, é o que dá.
Diga-se que quanto ao negócio, em si, nada a dizer, nesse e noutros Municípios temos a melhor gastronomia do mundo, em turismo, mas obriga a fazer uma reflexão da relação estabelecida entre o preço e a qualidade, não esquecendo de que não é menos importante, quem paga? Não importa se este é ou não um autarca modelo mas importa a sua conduta ao autorizar, e não se ajusta a princípios, a valores da criação dos Municípios em Portugal.
Imaginem só, se um dia, descobrirem que o dinheiro é gasto em casas de “dança do varão” para promover um Concelho qualquer? Ou as famosas e extintas (acho eu) casas de alterne? Onde uma garrafa de vinho deve ser mais cara. Não pode valer tudo.
Este senhor tem de saber que em Portugal existem 2 milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza; tem de saber que existe mais de 1 milhão de pessoas com reformas miseráveis e por fim, não pode esquecer que o ordenado mínimo nacional não serve, nem chega, à maioria das famílias para…chegarem ao fim do mês. Que país? Que gente nos infesta as mentes para aturar estes devaneios? A culpa é da Imprensa que alienou tudo, tudo, tudo em detrimento de salvaguardar o sistema democrático.
Com todas as limitações financeiras sugiro que a sanção a aplicar é que almoce na cantina da Câmara com água a acompanhar, durante um ano (pena suspensa). Este é o nosso pequeno mundo. Admirem-se os senhores que votam. Doutorado em Ciências da Informação (Sistemas e Tecnologias). Autor do Livro: Governação e Smart Cities, editado em 2019. Docente na Atlântico Business Scholl. (Facebook/Insta/email): Amaro F. Correia(1@gmail.com)

Docente na Atlântico Business School/Doutorado em Ciências da Informação/ Autor do livro ” Governação e Smart Cities”