Não são poucas as vezes que ouço dizer “estão sempre contra a extrema-direita e são tão condescendentes com a extrema-esquerda, que é igual ou pior”. Referem-se à comunicação social e ao “status quo” político.
Não deixando de ser verdade, temos de pensar nos contornos históricos da nossa história contemporânea. Que nos conduzem a estas interpretações.
A ditadura que impediu a nossa liberdade social e de expressão não foi comandada por Lenine e pelos bolcheviques ou chineses de Mao. Nem por outros movimentos, autodenominados comunistas e de esquerda. Estes, batiam-se contra capitalistas ou monárquicos conservadores; da direita política, afinal.
Em Portugal, a bem organizada máquina do PCP era a que melhor servia todos os democratas e adversários do Estado Novo. E mesmo aos anarquistas. Os que lutavam pelo fim das ditaduras de Salazar e Caetano, eram considerados de esquerda. Ou seja, os opressores eram de direita e os libertadores de esquerda. Os da direita apoiavam os ricos e bem instalados; os da esquerda, pobres e demais desfavorecidos e esquecidos socialmente.
Era assim. E, sabemos que, muitas vezes as relações entre as esquerdas eram de “cortar à faca” e a união contra o fascismo falhava inúmeras vezes – analisem os acontecimentos às eleições com Norton de Matos, Arlindo Nunes Vicente e Humberto Delgado, bem como as “confusões” entre a CDE, PCP, CEUD, etc. A luta de egos e os fanatismos da esquerda, dificilmente conseguiram mudar o regime, tal era a divisão existente. Acabaram por ser os militares. Mas as esquerdas não deixaram de “encher a boca”, chamando a si o mérito pelo triunfo do MFA. A nossa História relata bem este fenómeno. Não o subverte, felizmente.
É compreensível que, em Portugal, pairem “nuvens negras” e desconfianças sobre tudo o que se intitula de direita – foi a que nos oprimiu e retirou a liberdades mais básicas. E uma certa “simpatia” pela esquerda “libertadora”.
E assim será por muitas gerações, até aparecer quem reescreva a História. Que seja tarde, muito tarde!
Felizmente, nunca tivemos, em cima de nós, ditaduras como as soviéticas, chinesas, cubanas, albaneses, húngaras ou polacas. Nessas nações é muito provável que sejam as forças conservadoras, capitalistas, de direita, que levem os” louros” . E tenham maior apoio por parte dos cidadãos.
É assim o Mundo. Todo.
Jornalista