As notícias acompanham-nos para onde quer que nos desloquemos…
Logo pela manhã, cresce a inquietude e a ansiedade para recebermos novas do mundo, do nosso país, do nosso bairro, da nossa rua!
As notícias alegram-nos, entristecem-nos, revoltam-nos, acalmam-nos e nunca ficamos indiferentes perante elas. Criam emoções tão díspares e diversas que, dificilmente, uma amante pode competir… Não se apoquentam com as nossas posturas de vida, com as nossas verbalizações ou comportamentos, nada as afeta, elas é que nos afetam! Conseguem infligir emoções a diferentes pessoas – a todos nós!
Esperam-nos nos cafés de todos os dias, nas longas esperas de um atendimento hospitalar, nos écrans, hoje em dia tão diversificados e presentes por todo o lado.
As notícias, como algumas amantes, podem ser: verídicas, farsantes, tíbias e discordantes ou anarmónicas de todo… Conseguimos viver sem um pequeno-almoço, sem uma ida ao cinema ou ao teatro, até mesmo sem sexo, agora sem notícias? Isso é que não podemos, de todo, viver! E somos nós que as procuramos, que as atiçamos, que as provocamos, mesmo que a sua crueldade e frieza não nos toquem de imediato, mas passada a manhã, ou o dia, lá voltamos de novo a elas! A notícia atingiu tal notoriedade e ibope que faz parte integrante da nossa sociedade. Criaram tal dependência e subordinação que não conseguimos viver sem elas… lamentavelmente, são as notícias negativas e nocivas que vingam e que são procuradas. Quem se interessa pela atleta com noventa e dois anos que realizou a maratona de S. Diego em sete horas sem parar, ou a “camioneira” brasileira com oitenta anos que ainda dirige o seu TIR por todo o Brasil, ou imensas provas de vida e de amor, e os incógnitos que ajudam famílias e que preferem o anonimato. Mas as notícias de assassinatos, de violações, de espancamentos e de extrema violência, essas sim!
Quando a minha mulher me aborda e diz:
– Já sabes o que aconteceu?…
É logo interrompida:
– Não, obrigado!
Se morreu – não posso devolver a vida; se está no hospital – não sou médico; se houve inundação – não sou bombeiro; se ficaram no desemprego – não sou patrão; se ficaram sem dinheiro – não sou banqueiro…
Desculpem a minha atitude, à primeira vista egocêntrica e autocentrada, pois não é esse o caso, trata-se apenas de não querer ser contrafeito com negativismos…
Sou uma pessoa asseverativo e é da informação positiva que me alimento, não da negativa.
Já ouviram falar do news-hawk (gavião-de-notícia), uma espécie de informador contratado pelo jornal, que anda em demanda de assuntos que potencialmente possam gerar notícias. Caso não encontre nenhuma, será fácil inventar uma, nem que seja para não perder o emprego…
Há quatro fatores principais que influenciam a qualidade da notícia:
Quando a notícia traz informações novas, é a novidade! Quando o leitor se encontra perto do acontecimento, a notícia tem um interesse especial e existe uma relação de proximidade. Curiosamente, as pequenas notícias atraem mais o leitor, pelo que o tamanho é uma das características da notícia. E a última qualidade é a relevância, uma notícia com acontecimentos banais, os tais positivos que referi anteriormente não interessam ao público…
A notícia é a matéria-prima do jornalismo, um formato de divulgação de acontecimentos por meios jornalistas que socialmente tem um impacto relevante, quer seja político, social, económico ou cultural. É um produto socialmente construído, uma condensação desses determinantes num produto sociocultural essencial na construção dos processos, conteúdos e relações sociais.
As notícias têm pouco tempo de vida, pois são dadas mal acabam de acontecer e a arte do jornalista é escolher os assuntos que mais poderão interessar ao público e apresentá-los de modo atraente. Nem todo o texto jornalístico é noticioso, mas toda a notícia é potencialmente objeto de apuração jornalística.
As notícias chegam aos veículos de imprensa por meio de agências de notícias, repórteres e correspondentes. Muitas vezes e, por serem dadas de fontes não fidedignas, seja por amigos ou conhecidos, podem se tornar nas “fake news” – falsas notícias que aparecem na imprensa “Marron”, que consiste na distribuição deliberada de boatos ou desinformação. Marron é uma expressão pejorativa e utilizada para se referir a veículos de comunicação considerados sensacionalistas, ou seja, que buscam elevadas audiências e aumentar as suas vendas, através da divulgação exagerada de fatos e acontecimentos, sem compromisso com a autenticidade. O conteúdo intencionalmente enganoso e falso é diferente da paródia ou da sátira. Estas notícias, muitas vezes, empregam manchetes atraentes ou inteiramente fabricadas para aumentar o número de leitores, compartilhando as taxas de cliques na internet. Neste último caso, é semelhante às manchetes “clickbait”, que baseiam-se em receitas de publicidade geradas a partir desta atividade, independentemente da veracidade das histórias publicadas. “Clickbait”, que em português se intitula de caça-clique, é mais um termo pejorativo que se refere a conteúdo da Internet que é destinado à geração de receita de publicidade online, normalmente às custas da qualidade e da precisão da informação, por meio de manchetes sensacionalistas ou imagens em miniatura chamativas, para atrair cliques e incentivar o compartilhante do material pelas redes sociais. Deixando o leitor curioso o que o leva normalmente, a satisfazer a curiosidade e a clicar no conteúdo apresentado.
O fácil acesso online ao lucro de anúncios online, o aumento da popularidade e da despolarização política, têm implicado na propagação de notícias deste tipo.
A quantidade de sites com notícias falsas, anonimamente hospedados, e a falta de editores conhecidos também vêm crescendo, porque isso torna difícil processar os autores. A relevância dessas notícias aumentou em uma realidade política “pós-verdade”.
Além da disseminação de notícias falsas através da mídia, a expressão também define, em um âmbito mais abrangente, a disseminação de boatos pelas mídias sociais, por usuários comuns.
Ou seja, estamos completamente “cercados” e fortemente influenciados, o que não dá muita margem para que o nosso pensamento, como eu muito desejo, não se deixe corromper pelas “amantes” do século XXI.
Músico/Colaborador