A Igreja Católica também foi a grande responsável pela proliferação do vinho. No
continente americano, a bebida chegou no século XVI, precisamente no México, sendo
trazido pelos missionários para a realização da eucaristia. Por causa do clima do país, o
vinho se tornou, logo, um sucesso no território mexicano e se espalhou para outros lugares,
como Estados Unidos e colónias espanholas na América do Sul.
Em África, o cultivo das uvas viníferas começou no Cabo da Boa Esperança, no século
XVI, com a chegada de colonizadores holandeses. Já com mudas trazidas do continente
africano, o vinho foi expandido para Austrália e Nova Zelândia, bem mais tarde, no século
XVIII.
Para terminar o percurso na história do vinho, não poderíamos deixar de fora o Brasil.
Aqui, o vinho fez raízes a partir de 1530, com as primeiras videiras plantadas na Capitania
de São Vicente. O maior dono de terras na região da capitania era Brás Cubas, um fidalgo
português.
A primeira referência à produção vinícola em Portugal é de 989, provindo do Livro de
Datas do Convento de Fiães, sendo a zona do Douro a mais antiga região demarcada no
mundo.
A história do vinho em Portugal vai para além da fundação da nacionalidade. Considera-se
que a primeira vinha foi plantada na Península Ibérica (no vale do Tejo e no vale do Sado)
cerca de 2000 AC, pelos Tartessos. Mais tarde, os Fenícios introduziram novas castas e
tomaram conta do comércio do vinho. No século VII AC os gregos instalaram-se na
Península Ibérica, e também deram o seu contributo para o desenvolvimento da cultura da
vinha, alcançando grandes progressos na forma de cultivar e produzir vinho. Mais tarde,
com a presença dos Romanos no século II AC, o vinho tornou-se um símbolo cultural,
sendo um dos ícones do poder e riqueza no Império Romano.
Com a fundação de Portugal, o vinho manteve a sua importância, enquanto produto base
na alimentação diária e enquanto símbolo da cultura de um povo, sendo logo nesse tempo
o produto mais exportado por Portugal. Assim continuou ate à altura dos descobrimentos,
pois as caravelas levavam sempre vinho, levando desta forma o vinho a locais distantes. A
vinha e o vinho foram introduzidos em diversos sítios do mundo através do Império
Português.
Em 1386, o Tratado de Windsor tinha estabelecido uma estreita aliança política, militar e
comercial entre a Inglaterra e Portugal. Sob os termos do tratado, cada país concedeu aos
comerciantes do outro país o direito a residir no seu território e a comercializar em
condições de igualdade com os seus próprios súbditos. Desenvolveram-se relações
comerciais fortes e dinâmicas entre os dois países e muitos comerciantes ingleses
estabeleceram-se em Portugal. Na segunda metade do século XV uma quantidade
significativa de vinho português era exportada para a Inglaterra, muitas vezes em troca do
famoso bacalhau.
O tratado comercial anglo-português de 1654 criou novas oportunidades para os
comerciantes ingleses e escoceses que viviam em Portugal, permitindo-lhes privilégios
especiais e direitos aduaneiros preferenciais. Naquela época, o centro do comércio do
vinho não foi o Porto, como mais tarde se tornou, mas a elegante cidade costeira do norte,
Viana do Castelo, cuja situação no amplo estuário do rio Lima a tornou num porto seguro
natural. Os comerciantes importaram mercadorias, tais como lã e tecidos de algodão da
Inglaterra e exportaram cereais, fruta, azeite e o que era conhecido como “red Portugal”,
ou “tinto de Portugal”, esse vinho leve e ácido produzido nas proximidades na região
verdejante do Minho, particularmente nos arredores das cidades de Melgaço e Monção.

Músico/Colaborador