Frequentou cursos de aperfeiçoamento em Colónia na Escola Superior de Música. Durante dois anos, nos quais teve como professores Gaspar Cassadó e Karl Pillney e como bolseira pelo governo alemão em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, em 1959 em Friburgo, sendo seus professores Carl Seeman e Sándor Végh. Em 1958, foi considerada a melhor aluna estrangeira, com óptimas críticas da imprensa, tanto a solo, como em orquestra. O Prémio Luís Costa que era atribuído à melhor intérprete de música espanhola, foi-lhe atribuído em 1965, enquanto frequntava as aulas de Helena Moreira Sá e Costa. Seguiram-se os cursos internacionais em Santiago de Compostela, nos Cursos do Estoril e em Darmstadt. Posteriormente foi convidada como professora de piano nas classes de música de câmara de Paul Tortelier, Ludwig Streicher e Karen Georgian.
Bach, Scumann, Brahms e Stravinsky, foram os seus compositores predilectos e embora tenha sempre privilegiado a música de câmara, actuou com as orquestras: Orquestra de Câmara do Festival de Pommersfelden; Orquestra Gulbenkian; Orquestra Sinfónica de Buenos Aires; Orquestra do Porto; Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional.
Apaixonou-se pela música contemporânea, com especial ênfase por Fernando Lopes Graça e Astor Piazzola, tendo sido a primeira pianista em Portugal, a interpretar e a gravar, as obras de Piazzola. Constança Capdeville e AntónioVitorino D’Almeida dedicaram-lhe diversas obras.
Foi membro fundador de vários grupos: Duo de piano e violeta com Ana Bela Chaves (em 1969); Grupo de Câmara do Festival do Estoril (vários em vários anos); Opus Ensemble (em 1980); Colecviva – Grupo Experimental de Teatro Musical Contemporâneo (em 1975).
Para além da docencia, da gravação e das actuações ao vivo que efectuou com o grupo Opus Ensemble, prosseguiu uma intensa actividade como jurada em concursos de interpretação nacionais e internacionais, de entre outros: Concurso de Música de Câmara da Rádio da Baviera; Concurso Internacional de Piano Viana da Motta; Prémio Jovens Músicos.
A 6 de Junho de 2008 foi, feita Comendadora da Ordem Militar de Santiago da Espada.
Olga Prats é uma mulher lutadora por grandes ideais. Uma lutadora antifascista, colaboradora com a Oposição Democrática.
…Foram milhares os antifascistas que estiveram na perigosa retaguarda da luta clandestina, na Resistência (de diversos matizes), sem que, até hoje se fale deles. É urgente um Memorial que, de algum modo, homenageie esses anónimos combatentes pela Liberdade…
«Eu já fazia no Conservatório Nacional, não oficialmente, classe de música da câmara, e quando começou na ESML tive inicialmente poucos alunos e formei uma classe especial, com dois clarinetistas e um oboísta. Chamei pianistas do Conservatório que foram ajudar, um deles a Gabriela Canavilhas, que, segundo me disse, fui eu que lhe injectei o bichinho da música de câmara – que me vem desde a Alemanha. A primeira carta que escrevi ao meu professor da Alemanha, quando regressei a Lisboa, foi a dizer que estava numa classe de música de câmara a fazer umas sonatas de Brahms para violoncelo e piano. Ele telefonou à minha mãe e disse: perdemos a Maria Olga como pianista solista, ela agora começa a ter o gosto da música de câmara e não a vai largar. E é verdade. Foi uma opção mas tive a sorte de encontrar pessoas com quem se consegue fazer música em conjunto. Não é nada fácil. É uma união estranha mas muito íntima. As pessoas têm que encontrar-se no acto de fazer música e às vezes ceder um bocadinho perante a força da música, que é o mais importante»
«Sempre se ouviu música portuguesa lá em casa: aos seis anos comecei a tocar coisas portuguesas. Em todos os programas que eu toquei na Alemanha (onde se especializou, entre 1957-59, depois de acabar o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional), interpretei sempre obras portuguesas. Levei para a Alemanha muita coisa do Croner Vasconcelos, do Armando Fernandes, até do Ivo Cruz, do Sousa Carvalho, do Carlos Seixas e do Lopes-Graça, naturalmente, já nessa altura. E quando comecei com o Opus Ensemble e, antes disso, o duo antes com a Ana Bela Chaves (violetista), começámos logo a tocar coisas portuguesas. Nos meus concertos, toco sempre música portuguesa excepto naqueles preenchidos só com Piazzolla. Houve um pianista argentino, muito bom, que quando ouviu o meu disco (publicado originalmente em vinil em 1987, depois em CD em 1996, actualmente esgotado) chegou à conclusão de que o Piazzolla fazia muito boa música. Eu tive uma grande impulsionadora, a Constança Capdeville, não só como compositora mas também como criadora. Deu-me a volta à cabeça, completamente, sobretudo a nível interpretativo, a nível de palco, a nível físico da música. A música tem muito de gestual.
Ela limpou-me os ouvidos de preconceitos, porque o pianista sempre entrou de perfil e saiu de perfil e toca de perfil, mal olha para as pessoas e vai-se embora. Deu-me uma dimensão teatral, o que me fez muito bem, deu-me esta naturalidade de entrar num palco e falar com as pessoas e explicar as coisas e estar à vontade. A Constança caiu de outra galáxia e esteve cá pouco tempo. A música portuguesa não estava preparada para ela, agora é que falam dela, alunos dos alunos, “o que fazia a Constança”. Mas é preciso que se tente reavivar os espectáculos dela, que eram maravilhosos. Tinham uma luminosidade e uma variedade, com a música no centro… não era só movimento, da música é que saía o movimento.O Opus Ensemble tem sido fundamental para me abrir horizontes. Como disse o Alejandro, é uma caixa de ressonância da música portuguesa pelo mundo inteiro. Por todo o lado onde andámos, sempre tocámos música portuguesa, mesmo nos discos. Começou antes de 80, ainda sem ter nome, Anabela Chaves, Bruno Pizzamiglio, Alejandro Erlich-Oliva e eu. Pedimos a compositores (não só a portugueses) obras e temos um programa enorme, algumas coisas ainda nem estreámos…»
Músico/Colaborador