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Quarta-feira, Janeiro 22, 2025

Manual de boas práticas políticas – Por Joaquim Jorge

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Joaquim Jorge
Joaquim Jorge
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores

A sociedade tem tantas coisas urgentes para cuidar que até se esquece da essencial.

O ruído de fundo e a briga fazem esquecer tudo.

A demissão de António Costa eclipsou tudo relacionado com política e a vida dos portugueses, mas eis que surge outro problema com Marcelo Rebelo de Sousa, pelo acesso privilegiado a um tratamento médico dispendioso.

As redes sociais não se cansam de condenar, glosar com aquela crítica odiosa e aspereza negra muito portuguesa. Porém, todo esse “clicktivismo” não sai do computador e quando é preciso tomar decisões, nada feito.

As pessoas que pagam os seus impostos e têm uma vida normal, lamentam com meio sorriso os excessos, sempre deploráveis.

A avalanche de palavreado, especulação e mexericos políticos não param. Projectos essenciais como a TAP, TGV, Habitação, SNS ficam em banho-maria pela lentidão, confusão dos procedimentos administrativos, que muitas vezes acabam paralisados de Governo em Governo.

Lidar com estas questões, ou saber mais sobre elas, se a cada dia as notícias trazem mais um escândalo!

Acabámos de saber que o IVA Zero termina no final do ano. A partir de Janeiro, os 46 produtos que fazem parte do cabaz de bens essenciais voltam a ser taxados. Os consumidores dizem que a subida dos preços fez com que não se sentisse a isenção do imposto.

São sempre os mesmos que têm que suportar as consequências de um sistema económico anacrónico e desigual.

O espetáculo degradante e convulsivo do chamado noticiário político é uma peça em que se agitam fantasmas gritantes, um teatro de marionetes, um simulacro que esconde completamente e enfatiza a realidade do nosso país.

A nossa sociedade precisa de menos poluição noticiosa, que intoxique com os seus venenos de discórdia e fúria destrutiva.

Quem é minimamente esclarecido e pensa, ou pelo menos não é estúpido, não vê um programa informativo que não seja o essencial.

No meio de todo este circo, a velha praga portuguesa do clientelismo, da corrupção, da cunha prosperam em tudo que seja Estado. O que me preocupa é a indiferença colectiva portuguesa, da resignação e aceitação de tudo que se passa de mau no nosso país.

Parece que já não há necessidade de quem infringe a lei de se preocupar em esconder o que deveria causar vergonha, e mesmo, o maior escândalo será esquecido em poucos dias, semanas no máximo.

Bem precisamos de um “Manual de Boas Práticas Políticas”, com o objetivo de garantir, tanto quanto possível, transparência, mérito e equidade em todo o tipo de processos, a começar pelos eleitorais, tantas vezes obscurecidos em enxague.

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