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Quinta-feira, Abril 24, 2025

“Jogo de Pés”

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Quando era pequenino tinha dois grandes desejos que convergiram – curiosamente – num só. Ser, primeiro, guarda-redes, e depois, treinador; e ser jornalista, se possível com ligação ao futebol. Tudo correu bem, porque a partir dos 24 anos – em que deixei de jogar e passei a ser treinador – até aos 45, sensivelmente, consegui aliar as duas vertentes. Fui treinador desde os atuais Traquinas até ao escalão de Seniores e jornalista profissional de diversos jornais regionais e nacionais.

Mas hoje sei, nesta dinâmica de futebol atual – que nunca seria guarda-redes de Primeira Divisão – o facto é que efetivamente não o fui. Nem o meu pai, José Domingos, ele que jogou na principal divisão do futebol nacional durante várias épocas, na década de 1970. Isto porque, atualmente, valoriza-se – em demasia na minha opinião – o “jogo de pés”, em detrimento do que é realmente diferenciador num guarda-redes, a qualidade das mãos e a forma como “enche” não só a baliza, como conquista, a pulso, o espaço sagrado da pequena área. Os realmente diferenciadores, são os que ganham mais uns metros, e chegam, sem temores nem arrepios, à zona do penalti.

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Em Portugal, o estranho foi o Sporting ter sido campeão com Adan na baliza. Os principais detratores do espanhol dizem que ele não sabe jogar com os pés. Mas eu vi, ninguém me disse, as defesas que fez – fundamentais e decisivas – com as mãos, e que na hora da verdade, deram pontos tão importantes, quantos os conquistados com Coates a jogar a ponta de lança.

O Benfica investiu dez milhões num guarda-redes, Anatoly Trubin, porque supostamente joga melhor com os pés do que Vlachodimos, elemento importante na conquista “encarnada” da época passada. O FC Porto tem Diogo Costa, que joga bem com os pés, é um facto, mas é só por isso que vale 60 milhões?

Sou um romântico, é indesmentível, mas quantos, hoje, têm a qualidade única e mágica de Vítor Baía? Quantos, hoje, alcançarão o estatuto de lenda de Buffon, agora retirado, de Zoff, de Dasaev, de Yashin? O futebol é diferente, eu sei, mas estes que referi, eram gigantes, que enchiam a baliza e que quando dela saíam, todos tremiam, porque sabiam que estava a chegar a “imortalidade”.

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