Dizem alguns que os penaltis são uma lotaria; outros, uma questão de competência. Neste particular, os jogadores portugueses estiveram bem. Só João Félix tirou mal as medidas à baliza e a bola bateu no poste. Num jogo em que ninguém arrisca, fica o ónus sobre o jogador que falhou.
Quanto a jogo que mandou Portugal para casa, pode ser visto por dois prismas.
Um, o dos técnicos, especialistas, teóricos. Dirão que foi um jogo taticamente perfeito e que os jogadores teráo cumprido, escrupulosamente, o que o treinador lhes pediu.
Mas o futebol é do povo – deixando as conversas mercantilistas de parte – e o que este jogo deu às pessoas, além dos nervos, uma grande “seca”! Muito fechado e uma preocupação excessiva dos dois treinadores em não perder. Medo, é a palavra que merece ser utilizada por ambos.
O que transpareceu foi, de facto, o medo de perder. A Deschamps e a Martínez faltou ousadia. Alguém teria de perder, claro, mas podía haver mais espetáculo, mais risco, mais emoção e menos nervos.
No que toca a Portugal, os jogadores mereciam mais confiança para o risco. O treinador não lhes deu isso. Demasiado conservador, muito ao estilo de Fernando Santos.
Roberto Martínez, com todo o respeito pelas decisões que toma, é pouco “ousado”. Manteve em campo Cristiano Ronaldo, o jogador com menos rendimento e que, nas poucas oportunidades que teve, falhou de forma escandalosa; nem nos livres, nem do jogo aéreo, nem na finalização. Por que não colocar outro, quiçá mais inspirado durante o prolongamento? Inspirado, sim, porque todos são futebolistas de grande qualidade, merecem consideração e respeito, mas há jogos em que tudo corre mal. E Cristiano hoje esteve mal.
Em suma, um torneio pouco brilhante, em que a qualidade dos jogadores não foi potenciada. Em todos os jogos .
Faltou sempre capacidade de finalização e nunca houve, por parte do treinador, um sinal claro de que algo teria de mudar. Não mudou. E Portugal vem para casa. E Martinez já tem algumas camisas lavadas e passadas a ferro, prontas a usar.
Parabéns a todos os jogadores. E aos portugueses que tanto os apoiaram.
Segue a França. Vai defrontar uma equipa que arrisca – a Espanha. Veremos como reage.
E um jogo em que ambos lutam para não perder são uma má propaganda ao jogo de futebol. Mas isso importa pouco aos “donos da bola”. Infelizmente.

Jornalista