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Sábado, Maio 4, 2024

Eu e as mochilas

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Um dia a Laura chegou perto de mim e presenteou-me com uma mochila muito bonita. Cheguei a casa e escorei-a num dos cantos do meu quarto.

Eu já tinha deparado como alguns homens transportavam as mochilas, até alguns engravatados e de sapato bicudo. Como dizem os brasileiros – os almofadinhas!
Mas eu? Como iria eu levar a mochila?

Todas as noites, avistava-a como se estivesse a mirar um animal de estimação…
Houve um dia que me enchi de coragem e resolvi deambu-lá-la, mas pela mão…
Nada de muitas confianças!

Num outro dia, voltei a encher-me de coragem e resolvi colocá-la no ombro direito. Agora colocá-la nos dois ombros, como se fosse um paraquedas, ainda era muito cedo…
E assim andei uns meses.
Nunca mais chegava o dia…

Nesta altura, os meus leitores devem estar a pensar que este texto é uma idiotice pegada e talvez tenham alguma razão.
Mas o essencial do que tento transmitir, tem a ver com um “choque” de gerações!
Quando tento jogar nos jogos de computador com uma criança, normalmente acabo por perder sempre. E qual a razão?

Na minha geração era o pensamento lógico (matemático) que imperava. Ou seja, perante um simples jogo de computador, passavamos todo o tempo a fazer contas.
Se tocar neste botão, o boneco dá um passo em frente, se tocar no do lado direito, o boneco salta!…
Enquanto o meu jovem adversário, desde o momento em que carregou nos botões pelas primeiras vezes, sabe que se acometer de novo conhece a sua finalidade, não volta a pensar e simplesmente realiza o gesto certo. É nesse momento que ele se antecipa a mim, pois enquanto eu estou a pensar ele está a jogar!
(e o que é que os joguinhos de computador têm a ver com as mochilas?…)
É apenas uma questão de temporalidade.

Talvez por esta razão e para tentar estar a par do que se passa na atualidade, eu ultimamente tenha ido às conferências e aos workshops que me têm transmitido novos conhecimentos. Realidade virtual, Caminhos da Descentralização, MakeTheMost, MOBI – Portugal Summit…
E as novas palavras: Ceo, Dean, Co-Curador, Founder, Head, Coo, etc…

Assistir à apresentação dos curtos minutos das Sartups, por empresários jovens, é um regalo para os nossos olhos. Em poucos minutos, ficamos a saber o fundamental de cada empresa.
Pois ao recorrerem às tecnologias avançadas de comunicação, a explicação torna-se muito mais simples e lógica! (outra vez a lógica?…)

As mudanças que se dão nos dias de hoje são de tal forma rápidas e inesperadas que, se não estivermos muito atentos, perdemos o comboio…
E para nos baralharem ainda mais as ideias, aparecem as “Fake News”, ou seja – notícias falsas, e o que fazer? Em quem acreditar? No que acreditar?

Sem sombra de dúvidas que a nossa atual sociedade está a complicar de tal forma a vida que, de certo, vamo-nos afastar do foco e vamo-nos perder…

E os nossos filhos e netos ?
Que mundo os espera?

Vou continuar nas minhas atividades de adaptação a este novo mundo, vou continuar a tirar cursos de multimédia e de computação e esperar por poder explicar aos meus netos todas as matérias que fazem parte do mundo deles e também do meu.
– Então e a mochila?
– Já a trago nos dois ombros. No outro dia caí para trás e foi a minha sorte!




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