Pinto da Costa, em excelente forma, sempre igual a si próprio. Quando apresenta as recandidaturas, brinda os associados com um discurso em que emoção, portismo, convicção, ironia e crítica cruzam-se e marcam, decisivamente, a tendência eleitoral. . Ouvimos alguns associados presentes e não subsistem dúvidas “Vai ganhar de certeza. Enquanto ele quiser e puder, é o melhor presidente para o FC Porto ”. Ou, mais incisivo ainda, “Sem Pinto da Costa o FC Porto morre”.
Faltavam cinco minutos para as 18 horas, quando o presidente dos “dragões”, iniciou o discurso que durou 35 minutos. Já um grupo de cantores havia interpretado “Pronúncia do Norte”, de Rui Reininho e Alberto Índio, “Azul e Branco é o Coração”. Também D. Américo Aguiar, na impossibilidade em estar presente, enviou mensagem gravada. Depois de uma sucessão de vídeos dos grandes momentos do clube, Pinto da costa fez questão de dizer que “ “não tenho teleponto nem nenhum discurso escrito”
Dirigindo-se às “dragonas “e “dragões”, frisou que “compartilho o amor ao FC Porto numa sala repleta de notáveis porque, para mim, qualquer portista é uma pessoa notável”. Duas “alfinetadas” ao seu adversário, André Villas-Boas.
Propostas e contas
Não temos na nossa memória qualquer eleição em que Jorge Nuno Pinto da Costa apresente uma exaustiva lista de propostas ou faça grandes promessas. Seria estranho que o fizesse agora. No seu estilo discursivo “temos ganho muitos títulos; no futebol e nas modalidades e o que queremos é ganhar muitos mais, pois estes já pertencem à história, estão no museu. Agora queremos e vamos conquistar muitos mais”.
E os números que apresenta no “curriculum” são de realçar. 2558 títulos e 68 no futebol. “Mais do que todos os outros clubes portugueses juntos” – frisou.
Havia duas condições que o presidente exigia para relançar uma candidatura: seguir na Liga dos Campeões e ter as contas positivas. Assumiu não poder revelar os números por causa da CMVM, mas, e aqui prometeu “dentro de uma ou duas semanas apresentaremos saldos positivos de algumas dezenas de milhões de euros e capitais próprios positivos.” O motivo de só agora apresentar esta contabilidade prende-se “com a estratégia para que o Diogo Costa e o Pepê pudessem manter-se no clube, após ataque fortíssimo.”
“Olhar para a frente e ganhar mais do que ganhámos até hoje.” foi frase repetida pelo recandidato e garantiu “este é o meu último mandato, mas vou levá-lo até ao fim; não há desistência pelo meio para entrar outra pessoa. Serão sempre os sócios a escolher o presidente do FC Porto.”
Informou também que, em 1999, o FC Porto detinha 49% do da capital da SAD, enquanto hoje esse valor é de 74%.
Conceição esteve presente
Assunto recorrente nos discursos de Pinto da Costa e que já vem de há muitos anos, prende-se com a aversão ao centralismo e o repúdio à forma como a comunicação social de lisboa o trata. A si, ao clube e aos sócios. “Continua a haver comunicação social que nos hostiliza; não posso deixar de bater no assunto da imprensa lisboeta. Há um programa na CMTV, por exemplo, que tem uma vontade imensa para ver-me daqui para fora. Sou insultado, atacada, mas eles enganam-se, isso dá-me forças para continuar. É nessas alturas que piso bem os pés no chão e digo para irmos em frente.”
“Quando soube que o FC Porto podia servir de entreposto para negócio com árabes fiquei mais convencido de que devia candidatar-me. E tenho total confiança no futuro.”
Foram vários os antigos atletas presentes nesta apresentação. A João Pinto, o eterno “capitão”, deixou cumprimentos para todos os jogadores. Domingos, Vítor Baía e António Oliveira foram algumas das “velhas guardas” do FC Porto que estiveram no evento.
Sérgio Conceição compareceu e o emotivo abraço que deu a Pinto da Costa foi aplaudido entusiasticamente pela assistência. Um sócio que estava ao nosso lado disse que “estou emocionado e feliz por ver que presidente e treinador estão unidos, contrariamente ao que dizem os jornais.
Fernando Póvoas, o ministro Manuel Pizarro e o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues também estiveram a apoiar o presidente.
Mas mais importante foi a presença em força de associados portistas que abrilhantaram o evento com os seus cânticos de apoio ao candidato, mas sempre dentro do maior civismo e respeito por toda a gente.
Pinto da Costa enviou, também, um abraço solidário para os seus amigos Fenando Madureira e mulher, a contas com graves problemas criminais.
“Vigiar, não fraturar e unir” – Nuno Lobo
O Candidato Nuno Lobo não ficou indiferente a esta recandidatura de Pinto da Costa e mostrou-se surpreendido com as contas apresentadas pelo presidente. “Pinto da Costa disse que o FC Porto, dentro de alguns dias, vai apresentar saldo positivo de dezenas de milhões de euros. Como portista, sinto.me muito feliz se assim for, mas vamos estar vigilantes. A prova de que só nos interessa o bem do clube está o facto de termo-nos abstido, na Assembleia Geral, na aprovação das contas. Prova bem a nossa boa-fé e o desejo que tudo corra bem ao clube. Mas vamos ficar vigilantes. Aliás, queremos unir os sócios e não fraturar mais o clube. O objetivo é unir.” Mas não são estas promessas do presidente que levam à desmotivação da lista de Nuno Lobo. “De maneira nenhuma. Temos as nossas propostas, apresentamos e, depois, os sócios decidem. Ajudar a discutir os assuntos do clube e apresentar candidatura é um dever dos sócios. Sempre vigilantes, mas sem fraturas ou fatores de desunião” – disse o candidato.
Quisemos também saber a opinião da lista de André Villas-Boas, mas não conseguimos resposta em tempo útil.
Reportagem de Alberto Jorge Santos (Texto) e António Proença ( Fotos)
Jornalista
