Desafiámos a escritora Rosa Fonseca a apresentar os seus livros. De modo a que os leitores possam entender a interpretação da autora. Não são raros os casos em que, ao acabarmos de ler uma obra, sentimo-nos “perdidos” e questinamos ” o que quererá ele/ela transmitir com esta narrativa?” Quem melhor do que os autores para o fazer? Rosa Fonseca, sem inibições ou tabus, fala dos seus livros, de alma aberta, aos leitores de “O Cidadão”.
“Entre a alma e o mar”, é o primeiro livro (2012) e reúne poesia e prosa que refletem de alguma forma um período da sua vida: a infância e uma fase da sua vida adulta. As vivências mais marcantes e as memórias de um tempo. O amor e desamor, o encanto e desencanto, a amizade e a lealdade.
“Demora-te nos meus olhos”, mantém a forma do anterior, poesia e prosa. Neste livro cedo ao desafio de demorar-me naquilo que é essencial: porque nele nos vemos e revemos, porque nele nos perdemos e achamos, porque nele se procura e encontra um pouco daquilo que há de essencial, em nós próprios, mas também nos que nos rodeia. (2014)
“Enquanto a chuva não vem”, é um livro de poesia onde o leitor está em contato espiritual com a sensibilidade vertida nos versos. Aqui a poesia é um Festival Sinestésico composto a partir das janelas da Alma que são os sentidos, sendo o mais usado, o quinestésico, essencialmente, tátil; há ali a história vivida dum corpo que, não raro, levita para se manter num mundo onírico e virtual que sirva de catarse a aspirações, sonhos e desejos, normais de todos os seres humanos. (2017)
Em 2019, escrevo para os mais pequeninos e surge, “Eu sou um poema” – poesia para a infância. e é bilingue para inglês. Surge pela necessidade constatada, enquanto professora, da lacuna que existe na faixa etária compreendida entre os 3 e os 6, 7 anos. A criança gosta de poesia. A criança precisa de ter contato com os livros e com a leitura. Precisam de ser motivadas. Foi um desafio escrever para eles, mas ciente de que a poesia está dentro de cada criança. Quando olhamos a criança, temos beleza, temos uma dificuldade em pormenorizar particularidades, de tudo o que elas nos oferecem. Apenas pretendo retribuir momentos que me são oferecidos por elas. As crianças, estão sempre recetivas, ao belo, ao sonho, às palavras, conjugadas em harmonia com os sentidos, facilmente entendem o seu mundo de sonho.
“Abraça-me por dentro”, fala de sentimentos, como a saudade, a solidão e o amor – afetos e vidas. São textos em prosa que retratam momentos e situações inerentes a quem não deixa de viver, apesar das muitas adversidades no seu percurso. São fragmentos da vida de gente comum entre encantos e desencantos. Alguns destes textos surgem de conversas com amigos e conhecidos e que, por isso, também fazem parte de vivências. Outros peregrinam algures na minha imaginação. (2021)
Nesta obra “O Silêncio das Aves” volto à poesia. Nela, refiro inicialmente que “Às vezes, vejo um pássaro em ti e sinto, tão serenamente, que trazes no olhar todas as manhãs claras.” o que de imediato nos revela que o teor da sua escrita é uma ode ao amor, o mais belo de todos os sentimentos, cantado em metáforas compostas por um lirismo ritmado, vibrante que ao longo de páginas comove e prende o leitor transportando-o a paraísos desconhecidos para a maioria dos mortais, mas onde o esperam aventuras tão sensuais como o despertar dos sentidos. (2023).
Rosa Fonseca, neste seu percurso literário, conta com participação em diversos trabalhos, nomeadamente: mais de 50 coletâneas, entre elas, algumas publicadas no Brasil, artigos em jornais e presença como membro de júri na seleção de trabalhos e entrevistas em algumas rádios, onde dá a conhecer o seu trabalho.
Os seus livros encontram-se em algumas bibliotecas escolares, nacionais e além-fronteiras: Luanda e Cabo Verde.
Jornalista
