Os adultos assassinam e dizimam sem necessidade! Os adultos surrupiam e espoliam da mesma forma! Estupram e violentam os mais desamparados e desguarnecidos (mulheres e crianças), difundem e alentam a desigualdade social, têm prazer no aplicar do ódio e da inveja, são a principal causa da violência doméstica, desabrigam e desamparam os pais.
Os irmãos lutam ferozmente e impetuosamente quando se trata de partilhas de alguma herança, maltratam e agridem o nosso planeta sem pensar no filhos e nos netos deles e nos nossos… Os yuppies de fato azul, sapato castanho e gravata de nó largo são uns verdadeiros “dejetos”, no que toca a conhecerem a cultura da batata, a pintura do prédio em frente, a escultura da ponte de ferro, o bailado das e nas discotecas e a música que descarregam no telemóvel.
Perguntem a esses lerdaços e ignaros, o último livro que leram, sem ser de con(gestão), qual o último filme que visionaram no cinema, já para não falar da última exposição que visitaram ou da última peça de teatro que assistiram, já sei, isso é pedir demais!…
Agora por outro lado, são esses néscios e ineptos, que ocupam os melhores cargos nas maiores empresas mundiais e alguns, para nosso espanto total, alguns cargos políticos ou de natureza política… Agora elucidem-me?! São estes “acéfalos” que definem e orientam a minha vida, a vida dos nossos filhos, e dos nossos netos?…
Eles, que nem sequer sabem usar os bolsos dos fatoS azuis, andam com o telemóvel, o maço de tabaco e a chave do veículo na mão esquerda… Querem desvelar que são senhores do mundo? A marca do automóvel ? Já reparam que quando se apelidam de COO, é só juntar um C, entre os dois Os…
Depois, quando chego a uma repartição pública e me interpelam sobre a minha profissão e eu replico que sou músico, a funcionária refuta e recalcitra: – Sim, mas além da música o que é que o senhor faz na vida?
Nem sequer tenho coragem de vos reproduzir qual foi a minha resposta…Embora estivesse calçado com sapatos castanhos, faltava-me: o fato azul, a gravata de nó largo, o telemóvel, o maço de cigarros (embora nunca tenha fumado na vida) e a chave do automóvel que me furtaram há cinco anos atrás…
Ó Ferro, tu com este tipo de textos deves ter muitos amigos, deves…
Por acaso, posso contá-los apenas com as duas mãos e ainda me sobram dedos…
Há uns tempos, tive numa situação muito aflitiva e premente na minha vida financeira, fiz uma seleção daqueles que eu considerava meus amigos, pelo menos com um conhecimento de mais de trinta anos. E quantas respostas tive? Não refiro a auxiliarem-me com algum numerário, mas sim, a enviarem um e-mail: – Ferro! Tenho muita pena, mas também estou com dificuldades…Bastavam estas simples palavras para me alentarem e reconfortarem. Foi nessa altura que refleti: há muitos anos, trabalhei com um Senhor, um verdadeiro Senhor, de nome Luís Cília, que numa das nossas amistosas e afáveis conversas me aludiu: – Ferro! Os portugueses têm a memória curta…
Depois pensei na quantidade de trabalho que dei aos músicos, na quantidade de bebidas que ofereci a clientes e amigos, nos dezasseis anos que fui gerente do B Flat. Jazz Club, em Matosinhos… Nos bilhetes que brindei e ofertei, durante os cinco anos que fui diretor artístico do Coliseu do Porto…Já para não falar nos convites para os festivais de jazz e blues que programei…
Amigos? Prefiro os do facebook, pois esses não requerem, não vindicam e também não podem acolitar, porque simplesmente não me conhecem…
Músico/Colaborador