Este livro pretende contar a história do Grupo Folclórico de Faro, o mais antigo grupo de folclore do Algarve e um dos mais antigos do país, cujas origens remontam ao início dos anos 30.
Nesta publicação, coordenada por Amabélio Pereira, juntaram-se à história do Grupo dezenas de testemunhos recolhidos junto de diversas personalidades e de atuais e antigos componentes.
O livro conta também com diversas fotos, ilustrações e recortes de imprensa alusivos às diferentes épocas e fases da longa vida do Grupo, e uma galeria fotográfica com diversos retratos captados pelo fotógrafo Luís Santos.
UMA HISTÓRIA COM MAIS DE 90 ANOS
O mais antigo dos grupos de folclore da região algarvia foi formado em Faro por Serafim Carmona, no início dos anos 30. Teve como principal impulsionador Henrique Bernardo Ramos – grande figura do folclore algarvio que liderou o Grupo durante quase 40 anos.
Começou por se chamar Rancho Regional Algarvio ou, simplesmente, Rancho do Algarve, por ser o único na região. Na época, o Corridinho era já considerado a expressão máxima das danças populares algarvias, a par dos Bailes de Roda e do característico “Baile Mandado”. Atingiu grande fama o virtuosismo dos seus tocadores e a habilidade dos bailadores nas “escovinhas” e “sapateados“.
Na sua génese estiveram muitos dos grandes acordeonistas que marcaram uma época: José Ferreiro Pai, António Madeirinha, José Massena Fialho (o “Céguinho da Luz”), José Padeiro, Armindo Barbosa, José Granja, Marum, entre muitos outros. As habilidades dos bailadores nas “escovinhas” e “sapateados” fizeram escola em todo o Algarve – “Pechalhá”, “Rabinete”, Miguel dos Santos, Leal, “Galinho”, Carminho e irmãos Fantasia marcaram uma época na arte de dançar o corridinho.
Foram muitos os êxitos, como as “Noites Algarvias” que lotaram o Coliseu dos Recreios em Lisboa nos anos 40 e 50, mas também não faltaram revezes e até paragens, devido aos anos mais duros da emigração que levaram muitos dos elementos do Grupo para fora do país.
Nos anos 60, o Grupo volta a brilhar ao lado da saudosa Orquestra Típica de Faro, e inicia uma ativa participação na animação turística do Algarve.
Nos anos 80 e 90, sob a direção de Fernando Fantasia, conhece os palcos de muitos dos mais importantes festivais de folclore, um pouco por todo o mundo. A partir de então não mais parou de representar o país nos quatro cantos do mundo!
GRUPO DE REFERÊNCIA NO FOLCLORE DO ALGARVE
O Grupo Folclórico de Faro é uma referência obrigatória no panorama do folclore algarvio. É membro da Federação do Folclore Português, filiado no Inatel e foi um dos fundadores da Associação de Folclore e Etnografia do Algarve. Enquanto organizador do FolkFaro, é também membro do CIOFF Portugal (Conselho Internacional dos Organizadores de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais), integrando também os seus órgãos sociais.
O Grupo tem quatro secções, abrangendo cerca de 100 elementos.
O grupo de dança adulto que interpreta, desde 1930, os característicos corridinhos, bailes de roda e baile mandado, numa tradição que se transmite de geração em geração.
O grupo infantil permite aos mais pequenos recriar em palco as brincadeiras, as cantigas e as danças dos tempos dos seus avós, garantindo a continuidade do grupo, com a formação de novos bailadores. O Cancioneiro, grupo de cantares populares e tradicionais, procura mostrar um pouco da diversidade das raízes musicais do Algarve.
Finalmente, a escola de acordeão, que pretende dar um contributo para a formação de novos tocadores do instrumento-rei do Algarve.
A caminho do centenário, este livro pretende perpetuar na memória dos algarvios e, em particular, dos farenses o percurso de um grupo que constitui um marco incontornável na história da cultura popular da região.
Jornalista