Já lá vão quase 18 anos desde que Vicente Jorge Silva, na altura diretor do jornal “Público”, partilhou a mesa com Joaquim Jorge e convidados para a primeira entrevista do Clube dos Pensadores.
Estávamos em 2006 e, a partir daí, o clube passou a fazer parte do hábito cultural e cívico das gentes do Porto, de Gaia e do norte em geral. Quando concluir a entrevista a Menezes, Joaquim Jorge terá feito a 136ª no Clube dos Pensadores.
Há muitos anos que decorre em Vila Nova de Gaia, mas, inicialmente, foi na Maia.
Depois, em 2009, o programa teve uma variação de formato. Apareceu na Rádio Clube de Matosinhos.
“O Lourival convidou-me, deu-me um espaço, disse que eu tinha ali uma hora. Aproveitei o nome do Clube dos Pensadores e fiz uma espécie de rádio-debate.” – explica Joaquim Jorge e prossegue, “ o programa era de tarde, as pessoas participavam e eu divulgava os debates. Porque o problema dos debates é ter gente. E a rádio ajudava-me nisso.”- conclui
Ilustres
Pelo clube têm passado personalidades de todas as vertentes sociais, políticas e culturais. Quando há uma “nega”, ou melhor, um desinteresse em participar, Joaquim Jorge não fica feliz, evidentemente, mas também não procura desculpas ou ressentimentos velhos ou novos. Entende, e segue. Às vezes, não entende, mas segue na mesma.
“Eu estou no Porto a falar para o país. A malta do norte, muitas vezes, complica. Por exemplo, o Rui Moreira não vem ao clube. Veio uma vez antes de ser presidente – ele estudou comigo no Colégio Brotero – mas agora não vem. Talvez para não dar relevo ao clube, eu compreendo.” – Explica o criador do Clube dos Pensadores.
Uma outra figura que ainda não passou pelo clube é Jorge Nuno Pinto da Costa. E faz sentido citá-lo porque sempre defendeu o norte. E sempre defende quando é confrontado. Aliás, é um dos mais antigos a defender o bastião nortenho. Sendo o Clube dos Pensadores um programa do norte para o país, surpreende que não tenha ainda aceitado o convite. Joaquim Jorge adianta
“Ao Pinto da Costa já falei diversas vezes. É sempre muito amável comigo, muito cordial, muito afável, não tenho razões de queixa. Nunca me disse que não. Mas nunca veio. Sabe o que lhe digo? O presidente do FC Porto, independentemente de quem seja, devia vir. Para dar projeção ao norte. A presença da instituição seria muito importante. Veio o Vítor Baía, o André Villas Boas, mas o presidente do FC Porto, não. Não percebo.”
Ao conversar com o Joaquim Jorge nota-se, de imediato, estarmos perante uma pessoa frontal e muito rigorosa naquilo a que se propõe. E entende estar a prestar um serviço de Cidadania, ao fazer as suas entrevistas para quem as quiser ouvir. Também se verifica que gosta da sua região e lamenta que alguns do norte não o respeitem como merecia.
“Alguns querem menosprezar o que eu faço. Então que falem com o Miguel Cadilhe, Pedro Abrunhosa, Júlio Machado Vaz, Sobrinho Simões, Rui Rio, Vítor Baía, André Villas Boas, Rui Sá, Tiago Monteiro, Orlando Gaspar entre muitos outros, alguns deles já não estão entre nós como é o caso de Belmiro de Azevedo e do João Semedo.”
Do Porto para o país
O Clube dos Pensadores, ao longo destes 18 anos, conseguiu ter projeção nacional. E o próprio realizador do projeto foi aguçando a arte da entrevista. Que, por vezes, dizemos nós, não é fácil, pois há entrevistados que complicam a vida. Presumimos, pois, que a Joaquim Jorge também isso aconteça.
“O programa tem uma hora. Alguns querem esticar o tempo, mas não pode ser. Começo a falar deles sem eles perceberem que estou a falar deles. Adoram esta técnica porque eu procuro não ser maçudo e tenho a perfeita consciência do tempo que as pessoas conseguem prestar atenção ao que se diz”. Ou não seja Joaquim Jorge professor há muitas décadas.
Houve uma fase em que o clube chegou a ser imitado. Onde?
“Foi na televisão. Um programa tentou imitar o que eu fazia. Podiam, pelo menos, dizer que estavam a basear-se numa ideia do Joaquim Jorge.”
Há aspetos que despertam a nossa curiosidade. Como, por exemplo, o evento ser feito no Porto. Seria mais fácil e daria mais protagonismo se fosse feito em Lisboa? Joaquim Jorge responde como uma frase da Paula Teixeira da Cruz .
“A Paula Teixeira da Cruz diz que não. E se calhar tem razão. Ela afirmava que a piada toda era estar no Porto e convidar pessoas de Lisboa.”
Faltam alguns
Foram muitos (135!) os que passaram pelo Clube dos Pensadores; contudo, ainda não satisfizeram o número que Joaquim Jorge gostava de atingir
“Queria chegar aos 150”- diz, sem deslumbramento.
Conseguir reunir os diretores do “Público” do “JN” e o mentor do Canal Notícias de Lisboa., não terá sido tarefa fácil. Mas o responsável dos eventos conseguiu.
“É verdade, o José Manuel Fernandes do “Público”, o José Leite Pereira do “JN” e o José Marquitos. Foi uma discussão sobre o futuro da imprensa”.
E quem gostaria de ter tido no evento e ainda não teve?
“Pacheco Pereira”- revela com firmeza.
Há alguns que lhe dariam uma satisfação muito grande se os conseguisse convidar?
“Sim, o José Mourinho – esteve quase quando saiu do Chelsea, estava em Setúbal, mas foi rapidamente para Itália – e o Cristiano Ronaldo.
Jornalista