New Orleans e 1900: os berços do Jazz.
Comecemos pelas famosas fanfarras, “Marching Bands” ou “Street Bands”, agrupamentos baseados nas bandas militares tão em voga nas últimas décadas do século XIX, que juntaram às marchas e aos “ragtimes”, as inflexões dos blues. Outros agrupamentos mais reduzidos e menos formais atuavam no distrito de Black Brother, nas ruas Liberty e Perdido.
Estes pequenos grupos onde a guitarra, o piano, o contrabaixo e uma primitiva bateria (bombo e tarola), acompanhavam as linhas melódicas do clarinete, trompete ou trombone, eram também conhecidas como Tonk ou Sink e serviam para acompanhar algumas danças mais sedutoras. Luis Armstrong e Sidney Bechet não fugiram à regra das Tonk Bands fazendo parte do quinteto de Clarence Williams, Clarence Williams Blue Five. Interpretaram entre outros temas: “Texas Moanner Blues”, “Down In Jungle Town” e “Bill Bailey”.
Os chamados negros de primeira, pela posição social ou escolar, formavam as Society Band’s, como o próprio nome indica, serviam de fundo musical a restaurantes, salões de dança e espaços ao ar livre. Algumas das orquestras como, “Buck Johnson’s Original Superior Orchestra”, “The Eagle Band” e as bandas lideradas por A.J. Piron, John Robichaux, Buddy Bolden, Kid Ory e King Oliver, entre outros. Neste tipo de formações, os instrumentos mais utilizados eram o violino, a corneta, o clarinete, o trombone, a guitarra, o contrabaixo e a bateria. Paralelamente às bandas negras de dança, apareceram os grupos de brancos, sendo Papa Jack Laine o organizador dos reportórios que com base na música negra fomentaram os músicos Nick La Rocca, Larry Shields, Leon Roppolo e os irmãos Brunks.
A partir de 1910, algumas destas bandas partiram para São Francisco e Chicago. Tom Brown e Johnny Stein obtiveram grande sucesso nos cabaret’s locais. É precisamente a banda de Stein que em Nova Yorque funda a “Original Dixieland Jass Band”, agora sem o seu mentor. Este tipo de formação dixieland, música de negros tocada por brancos, acrescenta apontamentos e portamentos de blues, ao estilo contrapontístico militar.
No estilo dixieland os instrumentos que perduram até aos nossos dias são: Corneta (Trompete), Clarinete, Trombone, Piano, Banjo, Tuba e Bateria.
O desenvolvimento do jazz obrigou que a valsa, o One-step e o Two-step, fossem substituídas pelas novas danças, o Grizzly Bear e o Texas Tommy, saídas dos Honky Tonks, para os grandes salões.
O aparecimento do estilo Big-Band, deve-se de alguma forma a Ferdre Grofé. Grofé começou a escrever arranjos musicais onde organizou os instrumentos por famílias, colocando-os em contrates contrapontísticos, servindo em primeiro lugar a orquestra de Art Hickman. Mais tarde, por volta de 1919, Paul Whiteman convidou Gofré para juntamente com ele e com os conhecimentos eruditos de Whiteman, criarem o que foi apelidado de Symphonic Jazz. Esta forma de instrumentação veio influenciar, Duke Ellington e Fletcher Henderson, obrigando-os a abandonar, de certa forma, o estilo de New Orleans que Jelly Roll Morton conseguiu preservar até aos anos 30.
Das “Sweet” de Whiteman e Gofré, até às “Hotter” orquestras, o Swing!
No início dos anos 30, a formação da Big-Band é alargada para 3 trompetes, 3 trombones e 3 ou 4 saxofones, com secção rítmica (guitarra, piano, contrabaixo e bateria), onde aumenta o ritmo e o contraste sonoro das várias secções de sopros. Roy Raeburn tentou associar à instrumentação de Big Band, trompas, violinos e flautas sem grande sucesso, estabilizando entre 1935 e 1945 no modelo que se pratica hoje em dia, acrescentando mais um instrumento por naipe.
A seguir ao período de proibição de bebidas alcoólicas, os grandes salões de dança deram lugar a pequenos clubes noturnos, onde muitas vezes se encontravam músicos fora de horas, para confraternizarem em formações mais reduzidas. Teddy Wilson e Jimmie Noone, lideraram algumas formações mais reduzidas, assim como Benny Goodman teve também o seu trio com clarinete, piano e bateria, apelidado de “Band-within-a-band”. Mais tarde o trio foi alargado para sexteto, influenciando Woody Herman, Tommy Dorskey, Bob Crosby e Ellington que deu a conhecer os saxofones de Johny Hodges e Coleman Hawkins.
No final da II Guerra Mundial, poucas foram as orquestras que sobreviveram. Stan Kenton, com a sua formação de vinte músicos recorreu aos conhecimentos mais eruditos do século XX, sendo acusado de ter sacrificado o jazz em prol da inovação.
No próximo artigo partirei do Be-Bop até aos nossos dias, num breve resumo da história do jazz .
Músico/Colaborador