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Quinta-feira, Dezembro 5, 2024

Breve história do Jazz 1ª Parte – Por António Ferro (Músico)

Comecemos pelas famosas fanfarras, “Marching Bands” ou “Street Bands”, agrupamentos baseados nas bandas militares tão em voga nas últimas décadas do século XIX, que juntaram às marchas e aos ragtimes as inflexões dos blues

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António Ferro
António Ferro
Músico/Colaborador

New Orleans e 1900: os berços do Jazz.

Comecemos pelas famosas fanfarras, “Marching Bands” ou “Street Bands”, agrupamentos baseados nas bandas militares tão em voga nas últimas décadas do século XIX, que juntaram às marchas e aos “ragtimes”, as inflexões dos blues. Outros agrupamentos mais reduzidos e menos formais atuavam no distrito de Black Brother, nas ruas Liberty e Perdido.

Estes pequenos grupos onde a guitarra, o piano, o contrabaixo e uma primitiva bateria (bombo e tarola), acompanhavam as linhas melódicas do clarinete, trompete ou trombone, eram também conhecidas como Tonk ou Sink e serviam para acompanhar algumas danças mais sedutoras. Luis Armstrong e Sidney Bechet não fugiram à regra das Tonk Bands fazendo parte do quinteto de Clarence Williams, Clarence Williams Blue Five. Interpretaram entre outros temas: “Texas Moanner Blues”, “Down In Jungle Town” e “Bill Bailey”.


Os chamados negros de primeira, pela posição social ou escolar, formavam as Society Band’s, como o próprio nome indica, serviam de fundo musical a restaurantes, salões de dança e espaços ao ar livre. Algumas das orquestras como, “Buck Johnson’s Original Superior Orchestra”, “The Eagle Band” e as bandas lideradas por A.J. Piron, John Robichaux, Buddy Bolden, Kid Ory e King Oliver, entre outros. Neste tipo de formações, os instrumentos mais utilizados eram o violino, a corneta, o clarinete, o trombone, a guitarra, o contrabaixo e a bateria. Paralelamente às bandas negras de dança, apareceram os grupos de brancos, sendo Papa Jack Laine o organizador dos reportórios que com base na música negra fomentaram os músicos Nick La Rocca, Larry Shields, Leon Roppolo e os irmãos Brunks.

A partir de 1910, algumas destas bandas partiram para São Francisco e Chicago. Tom Brown e Johnny Stein obtiveram grande sucesso nos cabaret’s locais. É precisamente a banda de Stein que em Nova Yorque funda a “Original Dixieland Jass Band”, agora sem o seu mentor. Este tipo de formação dixieland, música de negros tocada por brancos, acrescenta apontamentos e portamentos de blues, ao estilo contrapontístico militar.

No estilo dixieland os instrumentos que perduram até aos nossos dias são: Corneta (Trompete), Clarinete, Trombone, Piano, Banjo, Tuba e Bateria.
O desenvolvimento do jazz obrigou que a valsa, o One-step e o Two-step, fossem substituídas pelas novas danças, o Grizzly Bear e o Texas Tommy, saídas dos Honky Tonks, para os grandes salões.

 

O aparecimento do estilo Big-Band, deve-se de alguma forma a Ferdre Grofé. Grofé começou a escrever arranjos musicais onde organizou os instrumentos por famílias, colocando-os em contrates contrapontísticos, servindo em primeiro lugar a orquestra de Art Hickman. Mais tarde, por volta de 1919, Paul Whiteman convidou Gofré para juntamente com ele e com os conhecimentos eruditos de Whiteman, criarem o que foi apelidado de Symphonic Jazz. Esta forma de instrumentação veio influenciar, Duke Ellington e Fletcher Henderson, obrigando-os a abandonar, de certa forma, o estilo de New Orleans que Jelly Roll Morton conseguiu preservar até aos anos 30.

Das “Sweet” de Whiteman e Gofré, até às “Hotter” orquestras, o Swing!

No início dos anos 30, a formação da Big-Band é alargada para 3 trompetes, 3 trombones e 3 ou 4 saxofones, com secção rítmica (guitarra, piano, contrabaixo e bateria), onde aumenta o ritmo e o contraste sonoro das várias secções de sopros. Roy Raeburn tentou associar à instrumentação de Big Band, trompas, violinos e flautas sem grande sucesso, estabilizando entre 1935 e 1945 no modelo que se pratica hoje em dia, acrescentando mais um instrumento por naipe.

A seguir ao período de proibição de bebidas alcoólicas, os grandes salões de dança deram lugar a pequenos clubes noturnos, onde muitas vezes se encontravam músicos fora de horas, para confraternizarem em formações mais reduzidas. Teddy Wilson e Jimmie Noone, lideraram algumas formações mais reduzidas, assim como Benny Goodman teve também o seu trio com clarinete, piano e bateria, apelidado de “Band-within-a-band”. Mais tarde o trio foi alargado para sexteto, influenciando Woody Herman, Tommy Dorskey, Bob Crosby e Ellington que deu a conhecer os saxofones de Johny Hodges e Coleman Hawkins.


No final da II Guerra Mundial, poucas foram as orquestras que sobreviveram. Stan Kenton, com a sua formação de vinte músicos recorreu aos conhecimentos mais eruditos do século XX, sendo acusado de ter sacrificado o jazz em prol da inovação.

No próximo artigo partirei do Be-Bop até aos nossos dias, num breve resumo da história do jazz .

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