Quais os primeiros sinais?
São múltiplos os sinais que logo nos primeiros anos de vida podem ajudar a detetar o Transtorno do espectro do autismo (TEA). Começamos pelas rotinas que normalmente acompanham o autista por toda a sua vida adulta, o brincar ao “faz de conta”, não faz parte da sua vida infantil e, curiosamente, já adulto, a não reação às anedotas (piadas) comuns. O não brincar com os brinquedos normais e desviar a sua atenção para molas da roupa, cabides ou outros utensílios é muito comum. Sobretudo o girar alguns destes elementos, cria uma certa tranquilidade no utilizador. Pode não responder ao chamamento de imediato pelo seu próprio nome e o contacto visual ser apenas mantido por pouco tempo.
Da mesma forma, não nos surprendermos quando apontamos algo e o autista, simplesmente, não segue o nosso olhar, mesmo que seja interesse para o próprio. A pouca ou mesmo não existência de verbalização pode demorar até à adolescência. A seletividade alimentar é outro dos sintomas relacionados com o TEA. Alguns destes sintomas, surgem nos primeiros anos de vida. Fatores ambientais e genéticos, como a hereditariedade, são responsáveis por cerca de 80% dos casos. Em cada mil pessoas, uma é autista. A maior percentagem é nas raparigas/mulheres numa proporção de 4/1.
As raparigas com TEA, podem passar despercebidas nos primeiros anos de vida. As suas personalidades passivas e de certo modo inibidas, podem “esconder” alguma incapacidade social, contrariarmente aos rapazes que podem ser um fator perturbador numa sala de aula.
Outras manifestações são também pertinentes, como: ausência de medo, alguma perturbação obsessiva complusiva, hiperatividade (confundível em muitos casos), impulsividade, bipolariedade e noutros casos epilepsia.
Afinal o que é o autismo?
Segundo a definição do “Harvard Medical School”, trata-se de uma perturbação do desenvolvimento do cérebro, perturbações neuro-psiquiátricos do desenvolvimento da criança, resultantes de disfunções do desenvolvimento do sistema nervoso central. Ou, por outra visão, uma perturbação do neuro-desenvolvimento que, obviamente, são perturbações associadas a interesses restritos e específicos e/ou comportamentos repetitivos.
Existem algumas ciscunstâncias ambientais que podem potenciar o aumento do risco de desenvolver esta patologia. Quando as mães, no decurso da gravidez, estão expostas a elevados níveis de poluição ou a pesticidas, os períodos de carência de oxigénio no cérebro no periodo de gestação, um baixo peso à nascença e a idade avançada dos pais no momento da concepção.
Existem cinco tipos de autismo: O transtorno invasivo do desenvolvimento, síndrome de Kanner, transtorno desintegrativo da infância, síndrome de Rett e por último, a síndrome de Asperger.
O TID (transtorno invasivo do desenvolvimento) é provavelmente um tipo leve de autismo que pode afetar o desenvolvimento da linguagem e outras habilidades motoras (autismo subliminar).
A síndrome de Kanner, descoberta em 1943 por John Hopkins, pode-se considerar um transtorno autista clássico. Desafios de comunicação e interação, obsessão com o manuseio de objetos e falta de apego emocional com os outros (fala descontrolada).
A síndrome de Rett é uma doença muito rara do neurodesenvolvimento, observada na infância. Desafios em comunicação e fala, dificuldades respiratórias e perda de movimentos e coordenação padrão. E por último, provavelmente o mais interessante, síndrome de Asperger. Digo mais interessante, porque uma criança com este transtorno apresenta uma inteligência muito acima da média, mas com pouca capacidade verbal .
O seu pensamento e comportamento são inflexíveis. Focam-se apenas numa atividade e não alternam entre outras. Fogem do funcionamento executivo e, por vezes, falam de forma monótona e têm uma incapacidade de expressar sentimentos na fala. Tal como de de se adequarem ao ambiente imediato, o que cria alguns problemas na interação com colegas e em casa.
Identificado pela primeira vez em 1944, por Hans Asperger (austríaco) e, curiosamente, os défices importantes de comunicação não verbal em crianças, criaram alguns dos maiores génios da humanidade.
O pintor holandês Vincent Van Gogh, o criador da teoria da Relatividade – Albert Einstein – que apenas começou a falar aos três anos de idade, a Lei da Gravidade dada a conhecer ao mundo por Isaac Newton, o menino-prodígio que aos cinco anos de idade já tocava e compunha música – Wolfang Amadeus Mozart, atores Dan Aykroyd e Kim Peek que inspirou o filme “Rain Man” e que conseguiu recordar o conteúdo de mais de 12 mil livros e Anthony Hopkins ; os incontornáveis Bill Gates (Microsoft e inventor do Windows) e Elon Musk (Tesla); um dos génios do cinema Steven Spielberg e embora seja um caso raro, pois os aspergers de uma forma geral, não se interessam por futebol, Lionel Messi.
Sou mãe de três filhos autistas, dois adultos funcionais e uma criança (11 anos), não verbal.
Para dar uma melhor resposta ao tema por mim abordado, podem remeter para geral@ocidadao.pt questões que necessitem ser esclarecidas.
Cuidadora Informal