Há mais de 10 dias que a associação ambientalista Quercus denunciou um crescimento anómalo de microalgas desde a entrada do rio Tejo em Portugal, em Vila velha de Ródão, até Ortiga, em Mação.
“Este crescimento anómalo (bloom) das microalgas (cianobastérias e outras) é cíclico, devido às condições de calor e luminosidade”, referiram, em comunicado, os Núcleos Regionais de Castelo Branco e Portalegre, da Quercus.
Os ambientalistas sublinharam que esta situação foi registada , pela primeira vez, na primeira semana de Setembro.
A Quercus explicou que esta intensificação da presença das microalgas resulta de vários factores, sobretudo da concentração elevada de nutrientes.
“Estes nutrientes têm origem nas descargas de águas residuais (esgotos) sem tratamento adequado e nas escorrências de fertilizantes agrícolas que se vão acumulando, ao longo dos anos, no fundo das albufeiras da Extremadura espanhola”, esclarecem os ambientalistas.
E afiançam: “Se continuarmos sem tratamento de esgotos e com escorrência de adubos agrícolas, nada se resolverá apesar das denúncias que são feitas. A isto convém acrescentar a livre gestão das descargas de caudais das barragens da empresa Iberdrola, permitida pelos governos de Portugal e Espanha”.
Os responsáveis da Quercus exigiram também a intervenção urgente do Ministério do Ambiente e Acção Climática.
“O ministro do Ambiente e Acção Climática deve exigir explicações ao seu congénere espanhol visto que esta situação, que ocorre ano após ano, constitui um agravamento adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo em Portugal em incumprimento da Convenção de Albufeira quanto á obrigatoriedade de garantir um bom estado ecológico das massas fronteiriças e transfronteiriças e em incumprimento da Directiva Quadro da Água, que impõe o objectivo de alcançar um bom estado ecológico das massas de água”, sublinharam os ambientalistas da Quercus.
“A concentração de oxigénio dissolvido não tem atingido concentrações que coloquem em risco a sobrevivência de espécies aquáticas, como sejam os peixes”, sustentou por sua vez a Associação Portuguesa do Ambiente (APA).
A APA também esclareceu que monitoriza mensalmente a qualidade da água das albufeiras de Cedillo, Fratel e Belver e o rio Tejo a jusante destas.
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