Bela Gisela (BG): Os BG são o Miguel Gomes, que é a voz e o letrista, o Tó Almeida, o guitarrista, o Bruno Manz no baixo e o Duarte Carvalho na bateria. Todos nós temos individualmente um percurso musical já com alguns anos de outras aventuras passadas. Desde a pop, à música mais indie e até experimental e ao suporte musical de outros artistas mais mediáticos. Cada um de nós os quatro “andávamos nas nossas vidas musicais e artísticas “, quis o destino (ou a necessidade interior) que os nossos caminhos se cruzassem.
OC: Como surgiu a banda?
BG: A história dos BG nasce há 6 anos quando o Tó Almeida conhece o Miguel Gomes e lhe propõe a ideia de criar uma banda, começaram juntos a escrever canções e logo de seguida convidaram o Manz e o Duarte para fazerem parte do projecto, A ideia base foi o recuperar aquele “velho” espírito de banda de Rock, onde a urgência das canções sustentam o universo musical que hoje temos. Todos nós os quatro crescemos numa geração onde a dita “banda de garagem” era o início de tudo, hoje em dia essa dinâmica quase desapareceu, os músicos quase não crescem juntos entre si, estão muito isolados em si mesmos e aquela ideia de colectivo perde-se. O crescimento e amadurecimento com outras pessoas no mesmo projecto cria uma identidade e orgânica natural, que nós de alguma forma quisemos recuperar e que é a nossa maior força artística enquanto banda.
OC: Como escolheram o vosso nome?
BG: Foi quase uma coincidência, na altura já tínhamos alguns meses de existência como banda e inclusive já tínhamos gravado aquele que viria a ser o nosso primeiro álbum
e ainda não havia um nome! Durante um período, havia nomes provisórios quase todas as semanas, e foi quando estávamos em negociações para assinar contrato discográfico,
que numa noite surgiu o nome Bela Gisela. Foi uma sugestão do Tó, que tinha ouvido este nome numa personagem de um filme de série B que tinha visto há umas noites… na altura
nenhum de nós levou a coisa a sério, mas depois foneticamente tornou-se viciante, não deixando se ser irónico um nome feminino numa banda de quatro tipos.
Foi essa ausência de sentido que nos fez todo o sentido em sermos os BG, há quase um lado trágico/cómico com laivos de decadência no nome e também isso é Rock n roll!
OC: Se tivessem de escolher um “rótulo” definindo o vosso estilo musical, qual seria?
BG: Assumimos completamente que os BG são uma banda de Rock. Mais do que a sonoridade em si, sobretudo na atitude performativa e nas letras. Não ficamos no lugar comum do dito politicamente correcto, gostamos de colocar “o dedo na ferida” em diversos temas, eles variam desde a poesia mais interior, ao quotidiano socio-cultural. Não temos tabus nem assuntos proibitivos e dizemos o que pensamos e sentimos e não aquilo que fica bem ou que é “kitsch”. A saudável rebeldia do Rock sempre assentou num compromisso entre o som e a palavra com conteúdo e porque não dizê-lo de ruptura com a época em que está inserido, foi sempre essa a verdadeira essência do estilo Rock.
OC: Onde e como divulgam o vosso trabalho?
BG: As redes sociais são as plataformas mais imediatas de divulgação da nossa música e nós servimo-nos delas para o fazer, para além de outros meios mais clássicos como as rádios e televisão, mas que nem sempre dependem de nós, mas são nos concertos ao vivo que os BG expoem na plenitude todo o seu trabalho; É ao vivo que o nosso código genético sobressai. E o contacto directo com o público cria aquela dinâmica única que em mais nenhum meio se promove tão eficaz e genuinamente.
OC: Uma “provocação”: se tivessem de escolher apenas uma música que vos definisse e apresentasse, qual a música que escolheriam?
BG: Não é fácil, os BG não são uma banda de uma só canção, poderia escolher várias. Temos já dois álbuns no nosso reportório. Se fosse do primeiro, escolhia o “Homem-Massa”, que foi o nosso primeiro single e o início de toda esta história; é uma canção que ilustra bem quem são os BG, tanto a nível sonoro, como a nível lírico, onde ilustramos o perfil sociológico do Homem na sociedade actual. Desde segundo disco, que lançámos este ano e estamos a promover, talvez o último single o “Não me consumas mais!”, pelas mesmas características, uma sonoridade definida e a abordagem de um assunto especifico, no caso a violência doméstica.
OC: Quais os planos para o futuro?
BG: O futuro está já aí! Estamos a divulgar este nosso segundo disco “Eterno Retorno” e assim vamos continuar com espectáculos pelo país nesta recta final do ano e em 2024, paralelamente iremos fazer vários lançamentos de novo material que estamos a preparar. Os BG não vão parar, estejam atentos!