O líder palestiniano descreveu a morte de al-Arouri num ataque com um ‘drone’ em Beirute “como um crime que carrega a identidade dos seus perpetradores”, numa referência implícita a Israel, embora não o tenha mencionado diretamente.
Shtayeh alertou para “os riscos e repercussões que podem surgir deste crime” e transmitiu as suas “mais profundas condolências ao povo palestiniano, ao movimento Hamas e à família do mártir” do movimento islamita que controla a Faixa de Gaza desde 2007.
A Autoridade Palestiniana tem controlo de partes da Cisjordânia ocupada mas não na Faixa de Gaza, onde o Hamas luta contra Israel há quase três meses.
O Hamas confirmou ontem a morte de al-Arouri no bombardeamento com um ‘drone’ israelita contra um escritório do grupo palestiniano nos arredores sul de Beirute, onde também morreram outras cinco pessoas.
O movimento culpou “a ocupação sionista”, aludindo a Israel, pelo “assassínio cobarde” de líderes palestinianos e afirmou que o bombardeamento do seu escritório em Beirute “prova mais uma vez o completo fracasso deste inimigo em alcançar qualquer um dos seus objetivos beligerantes” na Faixa de Gaza.”
O braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qasam, das quais al-Arouri foi cofundador, prometeu “uma resposta” à sua morte.
Por sua vez, depois de se tornar conhecida a morte de al-Arouri, ocorreram marchas de protesto pedindo vingança contra Israel em várias cidades e campos de refugiados na Cisjordânia, segundo a imprensa local.
As autoridades israelitas ainda não confirmaram a autoria deste ataque em Beirute.
Al Arouri, membro do gabinete político do Hamas e um dos fundadores do seu braço armado, foi um dos líderes exilados mais proeminentes do grupo, que tem vários representantes no Líbano, bem como noutros países da região.
“Arrastar o Líbano para o conflito”
Em comunicado divulgado na rede social X, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse que “este novo crime israelita visa arrastar o Líbano para uma nova fase de confrontos depois dos contínuos ataques diários no sul, que causaram um grande número de mártires e feridos”.
Esta é a primeira vez desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, iniciada em 7 de outubro de 2023, que as forças de Telavive atacam a capital libanesa.
Os confrontos entre o Exército israelita e o movimento xiita libanês Hezbollah, aliado do Hamas, estavam até agora limitados às zonas fronteiriças no sul do Líbano, quando se têm repetido avisos no mundo árabe e na comunidade internacional sobre o receio da propagação do conflito na Faixa de Gaza, na Palestina, a outras regiões do Médio Oriente.
Posteriormente, em comunicado, a presidência do Conselho de Ministros libanês adiantou que Mikati ordenou a apresentação de uma queixa urgente ao Conselho de Segurança da ONU, “no contexto do flagrante ataque à soberania libanesa”.
No Líbano desde 2018, al-Arouri chefiou a presença do grupo palestiniano na Cisjordânia e esteve detido em prisões israelitas durante 12 anos antes de ser libertado em 2010, sendo-lhes atribuídos vários ataques contra Israel a partir de solo libanês.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou matá-lo antes mesmo da atual guerra contra o Hamas.
Mais recentemente, foi um dos principais negociadores do Hamas na libertação dos reféns feitos pelo seu grupo no ataque contra Israel em 7 de outubro.
Há um mês, em declarações à rede televisiva Al Jazeera, afirmou que os restantes prisioneiros eram soldados ou antigos soldados e que não seriam libertados até que Israel terminasse os seus ataques na Faixa de Gaza.
