Já não necessito de despertador, pois o primeiro avião voa por cima da minha cabeça pelas seis horas, pontualmente. Rezo diariamente as minhas orações e, depois do pequeno almoço, faço a caminhada que o meu querido filho (Personal Trainer) me aconselhou, nunca menos de quarenta e cinco minutos em passo energético! A minha caminhada, é entre S. Pedro da Afurada e a praia de Lavadores.
Houve uma destas noites, que o sonho fez uma partida ao sono e eu acordei pouco depois das cinco da manhã. Em vez de “obstinar”, em continuar a dormir, levantei-me e assim, antecipei o meu dia. Cheguei a Lavadores, a tempo de embarcar no primeiro autocarro (902), precisamente o das seis!
No início não era o verbo, era apenas eu e o condutor!
Passadas duas paragens, entraram três senhoras. Aos poucos o veículo foi-se preenchendo, mas homens (?), apenas eu e o condutor!
No Arrábida Shopping, o cenário mantinha-se, apenas dois homens para tantas mulheres. Nesse momento interroguei-me… Onde estão os homens? Os maridos?
Com os “cornos” na palha, como é costume dizer-se?
Se os maridos destas senhoras, forem do tipo “ela que faça tudo”, depois de um dia cansativo de trabalho, estas senhoras, têm que fazer as camas, preparar o jantar, pôr alguma roupa a lavar, passar as camisas do marido, e todas as tarefas domésticas que se não houver alguém que faça, não aparecem feitas!
E no outro dia, quando o avião passar pelas suas cabeças: já preparam as mochilas e lancheiras dos filhos, o pequeno almoço do marido, já tomaram o banho diário se maquilharam e pentearam os cabelos.
Ah! O fim de semana está quase a chegar!
Mas está quase a chegar para quê?
Para o trabalho redobrar! Mudar os lençóis de todas as camas, ir ao supermercado, dar uma limpeza profunda à casa, passar a ferro montes de roupa, preparar a sopa da semana e dividi-la por caixinhas, lavar mais roupa, e se der tempo, sentar um pouco em frente ao televisor… Mas não podem estar muito tempo em frente ao televisor, porque amanhã, o despertador irá tocar pelas 5h30…
Vocês por acaso, imaginam um homem em trabalho de parto? Mas qual “tropa” qual…
Agradeço a Deus nesta minha nova encarnação, ter-me trazido como homem!
Embora na minha primeira encarnação na terra (sec XII), tenha sido mulher, mas isso são outras histórias…
Dedico este meu texto a duas grandes mulheres!
À minha querida avó, Júlia Amiguinho que teve a coragem de me ir buscar a Lisboa, com apenas nove meses de idade e de me ter proporcionado a minha melhor infância e adolescência em Montemor-o-Novo (Alentejo), e claro! À minha querida Sissi, nunca lhe chamei mãe, pelo menos que eu me lembre. Sinto muito a sua falta, mesmo muito! No seu funeral, não derramei uma única lágrima, é como se não tivesse partido… Costumo falar-lhe, naquelas noites estreladas, nas noites de muitas estrelas, pois de certo alguma delas, será a minha Sissi!
A minha sincera e justa homenagem, a todas as MULHERES do MUNDO!

Músico/Colaborador