Para quem é da “Invicta”, a francesinha é uma instituição, daquelas que dão direito a degustação e discussão! Dizer onde se come a melhor francesinha ou qual o restaurante mais típico é sempre entrar em terreno ardiloso que visa discórdia, pois, há várias opiniões e ferverosos defensores deste ou daquele restaurante.
Eu que sou uma beirã apaixonada e residente desde há duas décadas nesta bela cidade do Porto, já há muitos anos aprendi, quando era ainda uma estranha, que aqui o respeito pelas instituições e pela tradição é para manter.
Por isso, não só não tenho pretensão de contribuir para essa discussão, tão pouco para opinar sobre os melhores sítios para comer a dita! Limito-me a degustá-la, com gosto, a saborear um dos mais típicos e afamados pratos em boas companhias e a assistir satisfeita às calorosas guerras de palavras sempre em defesa deste “ex-libris” tripeiro.
Imbuída neste espírito, aderi de imediato ao convite de um grupo de amigos para fazermos a rota das francesinhas. Acrescento, a nossa rota das francesinhas. E não poderíamos ter começado de melhor forma: n’ O Afonso!
Para mim, uma estreia absoluta naquele que por conceituadas revistas e ranking’s aparece como um dos melhores. Sem dúvida! A Francesinha é muito boa, simples no aspeto, quase despretenciosa na sua apresentação pela semelhança a tantas outras… mas em sabor é rainha poderosa.
Nota-se a qualidade dos seus ingredientes principais: bife tenro entrelaçado na linguiça e queijo ainda a derreter, espraiando-se como manto sob o aveludado molho, levemente picante como se quer! Dizem que é no molho que está o segredo. Este deve ficar bem guardado para que os comensais voltem! E quanto às batatas, sim, que francesinhas sem batatas fritas não são a mesma coisa ( pelo menos para mim), estas são estaladiças e bem enxutas.
É uma francesinha de se lhe tirar o chapéu! Felizmente, que a fama, decorridos cerca de sete anos desde a visita de Anthony Bourdain, não “subiu á cabeça “ de Miguel Afonso, ou então subiu e tornou-se numa batalha ganha diariamente pela fidelidade à sua receita. Porque esta casa de culto das francesinhas faz jus à fama! Galardões merecidos! Na nossa mesa, alguns dos meus amigos portuenses de gema e entendidos no assunto, também anuíram que é das melhores francesinhas! Viva o consenso (coisa difícil nesta matéria).
Mas, já que falamos de culto, pasme-se, o Afonso surpreendeu-me também ao revelar-se um altar de homenagem a Ayrton Senna! Sim, esse mesmo, o melhor corredor de F1! Ops… aí vem mais um motivo de discórdia… mas comungo da paixão do dono deste conceituado restaurante!
A decoração é muito peculiar, com pormenores tão deliciosos como a francesinha, e até a montra merece um olhar atento de tão “kitsch” que é!
É por tudo isto e muito mais que se vive o tal “sentimento” que só o Porto sabe fazer emergir no peito de quem o quer descobrir quando se vem comer uma francesinha ao Afonso, com boa companhia, como foi o meu caso.
Agora há que voltar …
Colaboradora/Filósofa