9.8 C
Porto
16.4 C
Lisboa
20.9 C
Faro
Domingo, Junho 15, 2025

“Aproveitar a estabilidade macroeconómica que Portugal vive para um novo impulso reformador definitivo” – apela Carlos Tavares aos políticos

Decorreu ontem à tarde, na Fundação AEP, no Porto, a sessão de apresentação do livro 'Um Caminho para Portugal - Uma Política económica integrada para a Produtividade, Inovação e Crescimento', da autoria de Carlos Tavares e Sara Monteiro.

Mais artigos

Direitos Reservados

O encontro contou com a presença de Miguel Cadilhe, autor do prefácio do livro e os comentários do ex-Ministro de Economia, Daniel Bessa.

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração da Fundação AEP, abriu a sessão destacando a pertinência da obra quanto ao caminho traçado para Portugal: ‘O foco na trajetória de crescimento forte, robusta, sustentada e sustentável, a única que permitirá maior resistência a choques adversos; e o baixo crescimento económico que não nos tem permitido convergir com os países mais desenvolvidos da União Europeia.’

A reflexão continuou com a intervenção de Carlos Alves, Vice-Presidente do Conselho Coordenador da SEDES, que destacou o ‘bom diagnóstico’ apresentado pelo livro que ‘o País é capaz de aproveitar para um caminho sustentável do desenvolvimento económico’.

Seguiu-se a intervenção de Sara Monteiro, coautora da obra e professora universitária, especialista em gestão de ciência e tecnologia, que destacou o sentido de responsabilidade para uma mudança estrutural do funcionamento da economia portuguesa.

CARLOS TAVARES PROPÕE 10 GRANDES REFORMAS

‘O aumento da produtividade só pode ser conseguido com um esforço persistente de investimento e inovação’, refere Carlos Tavares no livro escrito em coautoria com Sara Monteiro.

Durante a sessão, Carlos Tavares destacou o risco que os autores correram ao serem realistas na identificação das reformas estruturais a fazer. ‘Este livro dá esse esse passo concreto. Pensava que ia gerar uma grande discussão e até discordância, mas o silêncio foi bastante grande, como grande é o silêncio no presente contexto pré-eleitoral a propósito das grandes reformas’.

O ex-Ministro da Economia destacou ainda: ‘Avançamos com 10 grandes reformas, 5 prioridades, 50 áreas concretas de atuação que eu espero que, um dia, alguém queira discutir.’ Continuou dizendo que ‘estamos desfasados dos nossos parceiros comunitários e o pior que nos podia acontecer era pensar, fruto de alguns resultados conjunturalmente mais favoráveis, que fizemos o trabalho, mas ele está todo por fazer’

As 10 “reformas estruturais” referidas no livro são: reforma da Administração Pública, reforma da Segurança Social e do seu modelo de financiamento, reforma fiscal com mecanismos de estabilidade, reforma orçamental, reforma da regulamentação de mercados e produtos (“better regulation”) e da política de concorrência, reforma da justiça económica, reforma do sistema nacional de inovação, incluindo um novo modelo de captação do investimento direto estrangeiro, reforma do sistema de supervisão e regulação financeira, programa de reestruturação e recapitalização das PME e reforma dos sistemas de educação e saúde.

Carlos Tavares apelou ainda a que os partidos políticos aproveitem o período de estabilidade macroeconómica que Portugal vive para ‘um novo impulso reformador definitivo. Quem tiver a responsabilidade de conduzir o país dentro de algum tempo tem a obrigação de não desperdiçar esta oportunidade. Espero que este livro seja um contributo, ainda que modesto, para que esta reflexão se faça.’


DANIEL BESSA FALA EM CONTENTAMENTO MEDÍOCRE

O ex-ministro do PS, Daniel Bessa, comentador principal da obra nesta sessão, referiu que o verdadeiro problema do país está num contentamento medíocre. ‘O problema central está nos 10 milhões. Eles têm de se sentir mal, porque se não se sentirem mal não dão um passo. Esse é verdadeiramente o problema. E é há muito tempo um problema de falta de ambição. Um problema de contentamento medíocre com os resultados miseráveis.’

Sobre a obra apresentada, refere que o diagnóstico não é extenso, ‘mas é muito certeiro. Não são apresentados grandes males, mas são apresentados os males maiores. O principal dos quais é o défice de produtividade. Os 40% de produtividade de que não conseguimos sair há décadas, em relação à média comunitária. O que se pode esperar? Nada. Esse é o verdadeiro calcanhar de Aquiles que depois se transforma no salário de miséria. Se tem uma gap de produtividade tem um gap salarial.’

O orador convidado aproveitou a sessão promovida pela Fundação AEP para lembrar que ‘A recuperação do défice de produtividade necessita de empresas maiores, com dimensão e capacidade de penetrar nos mercados internacionais, capaz de produzir marcas e gerar valor.’

- Publicidade -spot_img
- Publicidade -spot_img

Artigos mais recentes

- Publicidade -spot_img