Devia amar-se de outra maneira
A verdade como estandarte
A entrega da alma ser arte
Num só olhar a vida inteira
José Paulo Santos
A busca pelo sentido da vida é uma das questões mais profundas que a humanidade enfrenta. Entre as várias dimensões que podem ser exploradas, o amor destaca-se como um dos pilares fundamentais. A Psicologia, ao longo de décadas, tem revelado a importância das relações interpessoais para o bem-estar emocional e mental, enquanto a arte, nas suas diversas formas, tem capturado e celebrado a essência do amor, refletindo sobre as suas complexidades e belezas.
Na Psicologia, o amor é frequentemente associado ao bem-estar. O psicólogo e psiquiatra Viktor Frankl, autor de “Em Busca de Sentido”, enfatiza que “a vida só tem sentido se temos um propósito e esse propósito pode ser encontrado no amor”. Frankl, que sobreviveu a campos de concentração, argumenta que, mesmo nas circunstâncias mais adversas, o amor por outra pessoa ou a dedicação a uma causa maior pode proporcionar a força necessária para enfrentar as dificuldades.
Além disso, a Teoria do Apego, desenvolvida por John Bowlby, sugere que as relações amorosas são cruciais para o desenvolvimento emocional saudável. O amor, segundo Bowlby, não é apenas uma necessidade emocional, mas uma necessidade fundamental para a sobrevivência. O amor cria laços que nos sustentam, oferecendo segurança e um sentido de pertença. A psicóloga Brené Brown, conhecida pelas suas pesquisas sobre vulnerabilidade e conexão, afirma que “a conexão é a razão pela qual estamos aqui; é o que nos dá sentido e propósito”.
Quando olhamos para a arte, encontramos uma representação poderosa do amor nas suas várias nuances. Poetas como Pablo Neruda capturaram a essência do amor nas suas obras, evocando emoções profundas e universais. Neruda escreve: “Se não me amas, eu te amo; se eu te amo, leva-me a amar-te”. Essa dicotomia do amor, com as suas alegrias e dores, é um tema recorrente na literatura e na música, onde o amor é celebrado, lamentado e contemplado.
A arte visual também oferece uma rica tapeçaria de interpretações do amor. Gustav Klimt, na obra “O Beijo”, expressa a intimidade e a paixão de uma forma que transcende as palavras. A maneira como a luz e a cor se entrelaçam na pintura evoca a intensidade do amor, mostrando que a experiência amorosa pode ser tão profunda quanto uma obra-prima.
A interseção entre psicologia e arte revela que amar e ser amado não é apenas uma experiência emocional, mas uma necessidade humana fundamental que molda a nossa identidade e nos dá um propósito. O amor, com as suas complexidades, ensina-nos sobre nós mesmos e sobre os outros, permitindo-nos crescer e evoluir.
A vida ganha mais sentido quando nos permitimos amar e ser amados. Como disse o filósofo Friedrich Nietzsche, “não há facto mais poderoso do que o amor“. É através do amor que encontramos a coragem para enfrentar os desafios da vida, a inspiração para criar e a motivação para buscar um propósito maior. E assim, a dança entre a psicologia e a arte continua, celebrando o amor nas suas múltiplas formas, enriquecendo as nossas vidas e oferecendo um vislumbre do que significa SER humano.
Professor, Poeta e Formador