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Quinta-feira, Março 27, 2025

A crise portuguesa do desemprego juvenil

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Catarina Gomes
Catarina Gomes
Psicóloga/ Mestre em Psicologia da Justiça e da Desviância

O desemprego juvenil em Portugal e, consequentemente, a emigração jovem é, cada vez mais significativa. Portugal mantém-se entre os líderes europeus na taxa de desemprego jovem. Este cenário continua a ser um dos principais desafios que um jovem português enfrenta: a integração e dignificação no mercado de trabalho.

Com o término do ensino obrigatório, os jovens deparam-se com uma escolha crucial para o seu futuro. Perante condicionantes de estrutura familiar, económico-financeiras, acesso à educação, qualificações, entre outros, alguns decidem prosseguir estudos, enquanto outros optam pela entrada no mercado de trabalho. No entanto, independentemente do seu percurso, todos os jovens enfrentam um panorama de difícil acesso a condições estáveis, justas e dignificadoras para o seu futuro profissional.

A dificuldade de acesso a empregos e estágios pelos jovens advém, contrariamente a narrativas sociais que atribuem esta problemática a uma “geração narcisista, preguiçosa e reivindicativa”, da exigência de experiência profissional prévia ou formação específica, do nepotismo, de condições precárias, falta de oportunidade de crescimento na carreira, entre tantos outros. Desta forma, muitos jovens veem-se presos a empregos e estágios instáveis, sem perspetivas de progresso ou segurança financeira.

Consequentemente, os jovens portugueses têm experienciado um declínio significativo na sua saúde mental, caracterizado por níveis elevados de stress, desmotivação e desesperança no futuro, angústia, ansiedade e depressão.

Atualmente, revela-se urgente a criação de políticas nacionais que promovam empregos de qualidade, ofereçam oportunidades de formação profissional e desenvolvimento pessoal, reconheçam o desempenho académico-profissional, fomentem culturas de inclusão e diversidade, incentivem um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, garantam proteção económico-social e, acima de tudo, incentivem a retenção de talento nacional. Do mesmo modo, é fundamental expandir os recursos e o acesso aos serviços de saúde mental, garantindo que os jovens tenham apoio adequado, perante os desafios emocionais e psicológicos associados à entrada no mercado de trabalho.

Efetivamente, a luta contra o desemprego juvenil em Portugal é consonante com a promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Garantir que todos os jovens tenham oportunidade para um emprego digno, respeitador e gratificante não é apenas uma questão económica, mas também de saúde pública e justiça social. Apelamos a todos os decisores políticos e empregadores: queremos ser trabalhadores no nosso país; precisamos que proporcionem e assegurem um futuro mais promissor para a juventude portuguesa.

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