Neste momento em que alinhavo estas linhas, a Polícia de Segurança Pública (PSP) efectua buscas na residência oficial do primeiro-ministro António Costa. Enquanto isso, no hemiciclo da Assembleia da República discute-se um Orçamento de Estado que promete dar mais benefícios aos portugueses, mas que depois os carrega com impostos “depravados” como o IUC. Ou seja, dá-se com uma mão e rouba-se descaradamente com a outra. Ponto final.
O chefe de gabinete do primeiro-ministro e um homem da sua confiança, Vítor Escária e Lacerda Machado já foram detidos. Uma vergonha para a Democracia, pois ficamos com a sensação de que a ganância e a corrupção descarada vão deitando abaixo os pilares da República.
Segundo o jornal “PÚblico”, “estão em curso buscas da PSP em diversos ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, no Palácio de São Bento por causa dos projectos de exploração do lítio em Montalegre, no âmbito de um inquérito que também investiga suspeita de crime nos negócios do hidrogénio verde”.
Até ao momento já foram detidos o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, o consultor próximo do primeiro ministro, Diogo Lacerda Machado, e o presidente da Câmara Municipal de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, assim como dois executivos de empresas ligadas às energias renováveis.
Também conseguimos apurar que estão a ser alvo de buscas os gabinetes dos ministros do Ambiente e Transição Climática e das Infra-Estruturas, e tudo aponta para que Duarte Cordeiro e João Galamba venham a ser constituídos arguidos. O mesmo irá acontecer com o antigo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
Depois admiramo-nos de que a extrema direita tenha cada vez mais apoiantes. É que eles aproveitam ao milímetro estes desvios e estas tentações maquiavélicas de corrupção, para conquistarem eleitorado. E basta estar atento às conferências de imprensa de André Ventura ou às suas intervenções na Assembleia da República. Ele canta aquilo que o povo gosta de escutar.
Conheço muito bem João Pedro Matos Fernandes, o ex-ministro do Ambiente dos tempos em que estudamos no Porto e das centenas de conversas que mantivemos (enquanto estudantes!) na cantina da Faculdade de Engenharia, na Rua dos Bragas. E agora mesmo vejo-me obrigado a levantar esta questão: que necessidade tem o João Pedro Matos Fernandes andar envolvido nestes esquemas do lítio e do hidrogénio verde?
Porque não deixou a vida política e se dedicou à engenharia de corpo e alma. Ele que é um profissional exemplar. Mas não. Em vez disso deixou-se contaminar pela ganância do enriquecimento rápido e por esquemas que são tudo menos transparentes. Enfim deixou-se levar pela ganância.
Sobre Duarte Cordeiro, o actual ministro do Ambiente e Transição Climática estou em crer que é uma pessoa de bem e parece estar ciente dos grandes desafios ambientais que tem pela frente. Uma missão governamental hercúlea. Mas é assim mesmo, como diz o povo e bem: “quem não quer ser lobo não lhe veste a pele”.
Quanto ao ministro (?) João Galamba não escreverei nem um parágrafo. Acredito que a Justiça faça o seu trabalho de forma exemplar e isenta. Não basta dizer que se é sério. É preciso parecer.
As energias renováveis, o lítio e o hidrogénio não deixam de ser uma tentação para se avançar com esquemas ilícitos de enriquecimento rápido e ilícito. Os tratamentos de lixos e de lamas também o são. E é aí que as autoridades devem apertar. Governar não pode ser sinónimo de ludibriar a justiça e enriquecer de forma manhosa.
Aguardemos os próximos capítulos de uma “novela mexicana” que teima em minar a Democracia em Portugal. Começa a ser tempo de o primeiro-ministro António Costa repensar se não deve fazer as malas rumo a Bruxelas. É que a maioria dos seus ministros e muitos secretários de estado estão determinados em “patifarias” que não enobrecem a política.
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