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Domingo, Fevereiro 16, 2025

A aventura da creche no projeto-piloto da “semana de quatro dias” agradou a funcionárias e pais

Na única creche que aderiu ao projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, o CIMM, em Lisboa, educadoras, auxiliares e direção fazem um balanço positivo, apesar da "aventura" que é organizar o novo modelo laboral.

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Tal como na maioria das empresas que aderiram à experiência, o projeto arrancou em junho na creche da zona do Areeiro onde trabalham 23 pessoas que tratam de 85 crianças entre os quatro meses e os três anos de idade, mas a preparação começou logo em janeiro.

A parte mais difícil da semana de quatro dias foi a organização, a logística, como é que ia ser, porque implica uma rotatividade“, já que “a creche está aberta cinco dias por semana, no horário de sempre”, conta a diretora do Centro Infantil Maria de Monserrate (CIMM), Francisca Carneiro.

“Como é que íamos fazer de maneira a responder com qualidade às necessidades do dia-a-dia e fazendo o trabalho como fazíamos até aqui? Tem sido uma aventura”, diz a responsável que está na direção do CIMM desde a abertura do centro infantil há quase dez anos.

O desafio acabou por se revelar mais fácil do que o esperado, uma vez que todos os funcionários se mostraram empenhados e facilitaram trocas de folgas com os colegas sempre que necessário.

As pessoas comprometeram-se bastante, tudo o que tem a ver com trocas, as pessoas são todas muito envolvidas e participativas, entreajudam-se e – já havia um bom ambiente –, mas acho que até melhorou a maneira como lidam uns com os outros”, refere Francisca Carneiro.

Segundo explica, as auxiliares de educação mantiveram o horário de trabalho, mas algumas educadoras de infância tiveram de trabalhar mais meia hora por dia para poderem depois gozar a folga semanal.

A creche aproveitou a experiência da pandemia de covid-19 e organizou-se por “alas”, garantindo pelo menos cinco pessoas sempre presentes em cada uma delas, ou seja, tanto no berçário como nas salas de um e dois anos.

Porém, foi necessário contratar duas pessoas, uma a tempo parcial, para que a creche conseguisse implementar o projeto mantendo o rácio adulto/crianças.

A produtividade melhorou “ao nível da alegria” uma vez que a qualidade de vida dos trabalhadores aumentou, refletindo-se no bem-estar das próprias crianças.

Segundo Francisca Carneiro, tinha ficado definido que “se o bem-estar das crianças estivesse em causa alguma vez ou diminuísse, o projeto parava automaticamente”, mas “não só se manteve como melhorou” e “os próprios pais referem isso” e até dizem que gostavam que as empresas onde trabalham seguissem o exemplo da creche.

Os pais gostam bastante. Podem notar a falta de uma pessoa ou outra com quem estejam mais à vontade, mas sentem que têm sempre uma resposta”, garante a diretora.

Também a educadora Leonor Granate, que se manifestou “super satisfeita” com a semana de quatro dias de trabalho, conta que os pais “adoram este projeto” e que consideram uma mais-valia num trabalho que é “muito cansativo”.

A educadora de infância, mãe de quatro filhas, destaca como vantagem da semana de quatro dias de trabalho a conciliação da vida familiar e pessoal com a profissional.

“Foi ótimo termos um dia para nós, sem termos de vir trabalhar, sem termos também de ficar com os filhos em casa, que é o que acontece muitas vezes ao fim de semana. Sou mãe de quatro filhas e, portanto, ter aquele dia em que as vou deixar à escola e vou tratar de assuntos ou de ir ao médico com uma delas, marco nesse dia. É ótimo não ter de faltar ao trabalho para ir à Segurança Social, ao médico ou tratar da casa”, realça Leonor Granate.

Da mesma opinião é Rute Ribeiro, auxiliar de educação: “A semana de quatro dias foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos. Acho que foi benéfico para todos ter mais um dia livre”.

A auxiliar conta que o novo modelo laboral permitiu-lhe dedicar mais tempo à família e aos amigos e também aproveitar para fazer ações de formação profissional.

O facto de termos mais um dia livre para nós depois também se revela no rendimento dos outros quatro dias, porque já vimos trabalhar com outra disponibilidade e outra vontade”, refere Rute Ribeiro.

O projeto-piloto da semana de quatro dias termina em dezembro mas, segundo a diretora da creche, em princípio, o modelo é para manter no futuro.

Precisamos de parar para refletir um bocadinho e perceber os moldes em que será feito no futuro, porque financeiramente existe um custo para o projeto. Mas o que percebemos também é que existe flexibilidade e que, se calhar, como equipa também conseguimos pensar neste projeto mudando algumas coisas que nos permitam então que financeiramente seja ainda mais sustentável”, indicou Francisca Carneiro.

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